domingo, 27 de fevereiro de 2011

O Desafio de Roma

Trata-se da compilação de uma série de editoriais publicados há mais de cem anos pelo jornal 'Catholic Mirror', obviamente uma publicação de índole católica. Neles se apresenta a visão católica sobre questões cruciais que têm impacto em toda a cristandade: existe fundamento bíblico para a observância do primeiro dia da semana em vez do Sábado do sétimo dia? Quais as bases que sustentam a guarda do domingo por parte de quase toda a cristandade (curiosamente, os Adventistas do Sétimo Dia são nomeados como a única exceção a esta regra)?

Tudo começou em fevereiro de 1893 quando os Adventistas do Sétimo Dia apresentaram uma série de resoluções junto do governo dos EUA, protestando contra o princípio que o estado poderia legislar sobre questões religiosas, nomeadamente o dia sagrado de guarda. Em reação, o 'Catholic Mirror' publicou quatro editoriais nos quais se analisa minuciosamente a questão do dia de guarda, recorrendo ao ensinamento bíblico. Este livreto, é a reprodução desses editoriais.

Convém dizer que o 'Catholic Mirror' era na altura (não sei se continua a ser ainda hoje) o órgão oficial do catolicismo nos EUA, liderado pelo Cardel Gibbons. Assim, embora não escritos pela mão do Cardeal, ao serem publicados, estes textos encontram-se por ele perfeitamente sancionados.

Os editoriais analisam, como sugere o título do livreto, as razões pelas quais os protestantes (exceto os Adventistas do Sétimo Dia) assumem o domingo como dia de guarda. Espantosamente, verifica-se um alto rigor em relação ao que a Bíblia diz sobre o assunto. Reconhece-se, em imensas partes dos textos, que não há na Bíblia a mínima autorização para a substituição do Sábado do sétimo dia pelo primeiro dia da semana. Aliás, a expressão, conhecida, usada para descrever aqueles grupos que escolhem observar o Sábado do sétimo dia é: "a Bíblia, toda a Bíblia e nada senão a Bíblia".

Também é feita uma análise a todos os versos do Novo Testamento que referem: o "Sábado", o "primeiro dia da semana" e o "dia do Senhor". São passadas a pente fino esses episódios e expressões do texto sagrado. Tal e qual referi atrás, este estudo católico conclui que não se pode mencionar uma única razão bíblica para a mudança.

Assim, com justiça, devo dizê-lo, estes textos católicos, colocando à parte os Adventistas do Sétimo Dia, acusam os protestantes de incoerência na sua doutrina - se se proclamam como protestantes, deveriam guardar o Sábado do sétimo dia e nunca o primeiro dia da semana. Ao observarem o domingo, estão apenas a admitir a soberania da Igreja Católica, ela sim que pode reclamar para si o feito hediondo (expressão minha) de alterar a solenidade do Sábado do sétimo dia para o primeiro dia da semana.


Passo a citar alguns excertos dos editoriais, entre aqueles que me parecem mais relevantes
"Numa ocasião, o redentor referiu-se a Si mesmo como 'o Senhor do Sábado', tal como mencionam Mateus e Lucas, mas durante todo o registo da Sua vida, embora guardando e utilizando invariavelmente o dia (Sábado), Ele nunca manifestou uma única vez o desejo de o mudar."
"Tendo abordado todos os textos, que se encontram no Novo Testamento, que se referem ao Sábado (sétimo dia) e ao primeiro dia da semana (Domingo) ... tendo demonstrado conclusivamente por esses textos, que, até aqui, não se encontra a mínima sombra de pretexto no Sagrado Livro para a substituição bíblica do Sábado pelo domingo..."
"Este instrutor [a Bíblia] proíbe do modo mais enfático qualquer mudança no dia [Sábado] por razões de importância capital. O mandamento obriga a um concerto perpétuo."
Finalmente, já perto do final, como parte da conclusão, surge esta afirmação:
"A Igreja Católica durante mais de mil anos antes da existência de qualquer protestante, em virtude da sua missão divina, mudou o dia do Sábado para o domingo".
Embora o excerto "em virtude da sua missão divina" careça de fundamento bíblico, o restante é total e rigorosamente correto. E vem, recordo, de uma autoritária fonte católica.

Assim, mais uma vez se demonstra, comprova e assume que aqueles que mudaram a observância do Sábado para o primeiro dia da semana, fizeram-no à margem, violando o ensinamento bíblico.



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