sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Desvendando o Apocalipse: despertamento
O capítulo dez revela um grande despertamento religioso. A verdadeira igreja de Cristo, por longos séculos, foi perseguida pela igreja romana, sendo dizimada pelos tribunais da Inquisição, por Cruzadas e por inúmeras chacinas. Porém, a queda do poder do papado, em 1798, trouxe uma nova era para o cristianismo, e o mundo foi sacudido por uma mensagem poderosa, exatamente como anunciado nesta profecia, que está inserida como um parêntesis entre a sexta e a sétima trombetas, devendo, portanto, cumprir-se antes do toque inicial da sétima trombeta, isto é, antes de 1844.
Apocalipse 10:1: “Vi outro anjo forte descendo do céu, vestido de uma nuvem. Por cima da sua cabeça estava o arco-íris; o seu rosto era como o sol, e os seus pés como colunas de fogo.”
Seis vezes, no Apocalipse, a mensagem enviada do Céu é simbolizada por um anjo. Mas a descrição deste anjo é mais gloriosa do que a dos outros: “O seu rosto era como o Sol.” A semelhança da descrição com a de Cristo, em Apocalipse 1:13-16, indica que este anjo seja Cristo. Quando transfigurado diante dos discípulos, o rosto de Cristo “brilhava como o Sol” (Mt 17:2). Ele é chamado “o Mensageiro do concerto” (Ml 3:1), e “o Anjo que me redimiu” (Gn 48:16).
Em Daniel 12:1 e 7, Jesus é apresentado como Miguel. Mas se Miguel é identificado como o Arcanjo, seria Cristo, então, um anjo? O Arcanjo não é um anjo. Ele é o chefe dos anjos. O presidente dos Estados Unidos é o comandante-em-chefe do exército, mas não é um soldado.
Cristo é um mensageiro. Ele não é um ser criado, como um anjo.
Outra evidência de que o Anjo forte é Jesus está em 1 Tessalonicenses 4:16. Nos é dito que é a voz do Arcanjo que despertará os mortos por ocasião da primeira ressurreição. Em João 5:25, nos é dito que é a voz do Filho de Deus que despertará os mortos.
O arco celeste é símbolo do concerto e a “nuvem” é também sinal da divindade, pois uma nuvem sobre o acampamento de Israel era evidência da presença de Deus como guia de Seu povo.
Apocalipse 10:2: “...e tinha na mão um livrinho aberto. Pôs o seu pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra.”
A expressão um pé na terra e o outro no mar indica que a mensagem deste Anjo é de âmbito mundial, o que significa o início de um movimento religioso de extensão mundial.
Que livro aberto pode ser este? Parece haver apenas uma resposta, pois, até onde se saiba, a única parte das Escrituras que foi fechada ou selada foi uma porção do livro de Daniel. Ao profeta foi ordenado: “Fecha estas palavras e sela este livro até o tempo do fim. Muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará” (Dn 12:4). Uma vez que esta parte do livro de Daniel foi fechada somente até o tempo do fim, segue-se naturalmente que nesse tempo do fim ele seria aberto.
Dois acontecimentos asseguram a época em que o livrinho de Daniel deveria ser aberto:
1) O advento do “tempo do fim”.
2) A era da multiplicação da ciência.
Quando chegou o “tempo do fim” predito por Daniel? No próprio livro do profeta encontramos a resposta. Em Daniel 11:30-35, temos a introdução da potência papal como poder perseguidor do povo de Deus. O versículo 35 declara que o povo de Deus seria perseguido por esse poder, “até o tempo do fim”, o que significa até ao fim da supremacia temporal do papado, ocorrido em 1798, quando a França revolucionária lhe tirou o poder e aprisionou o papa reinante, Pio VI.
Prova mais incontestável de que o “tempo do fim” chegou com o fim da supremacia temporal do papado em 1798 temos ainda em Daniel 12:7, onde é esclarecido que o povo de Deus seria perseguido até completar-se o período de “um tempo, dois tempos e metade de um tempo”, ou seja, 1.260 anos de supremacia temporal de Roma papal, em realidade findos em 1798.
Isso pareceu estranho a Daniel, e ele disse: “Eu ouvi, mas não entendi” (Dn 12:8). Não era possível que Daniel entendesse quando escreveu, porque certos acontecimentos tinham que ocorrer primeiro. Por isso, pediu explicação ao anjo, e este lhe disse: “Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do fim” (Dn 12:9). Mas “no tempo do fim” foi garantido que alguns entenderiam. Disse o anjo: “Nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Dn 12:10).
Outra evidência que confirma o início do “tempo do fim” em 1798 é o desenvolvimento marcante da ciência. A ciência que hoje conhecemos começou a se “multiplicar” exatamente a partir de 1798, quando, não temos dúvida em afirmar, o selo do livro de Daniel foi removido, dando início a um grande movimento religioso que se dedicaria ao estudo aprofundado das profecias relativas ao “tempo do fim”.
Apocalipse 10:3: “...e clamou com grande voz, como quando ruge o leão. Tendo clamado, os sete trovões fizeram soar as suas vozes.”
Apocalipse 10:4: “E quando os sete trovões fizeram soar as suas vozes, eu ia escrevê-las; mas ouvi uma voz do céu, que dizia: Sela o que os sete trovões falaram, e não o escrevas.”
Apocalipse 10:5: “Então o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra levantou a sua mão direita ao céu,”
Apocalipse 10:6: “e jurou por Aquele que vive para todo o sempre, o qual criou o céu e o que nele há, e a terra e o que nela há, e o mar e o que nele há, que não haveria mais demora.”
É possível identificar semelhança entre o anjo do capítulo 10 com o primeiro anjo do capítulo 14. Ambos conduzem uma mensagem de graça e de juízo. Ambos proferem uma proclamação com voz poderosa. Ambos exaltam a Deus como Criador dos céus, da Terra, do mar e tudo o que neles há. Assim, o anjo do capítulo 10 é o mesmo primeiro anjo do capítulo 14, onde é apresentada Sua obra de extensão mundial e Sua mensagem da hora do juízo.
Não haveria mais demora, ou em outra versão, não haveria mais tempo. Esta expressão indica que o movimento que este anjo representa está diretamente ligado ao “tempo do fim”, já que, depois dele, não haveria outro, segundo a profecia.
E não há dúvida de que o movimento predito neste capítulo surgiu depois de 1798, e no fim da profecia dos 2.300 dias proféticos de Daniel 8:14, concluída em 1844. Esse movimento, portanto, deve ser identificado como surgido entre 1798 e 1844, porque não encontramos na Bíblia outra profecia de tempo que se estenda além de 1844.
Apocalipse 10:7: “Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele estiver prestes a tocar a sua trombeta, se cumprirá o mistério de Deus, como anunciou aos profetas, Seus servos.”
O “mistério de Deus”, ou o “segredo de Deus”, como também é chamado nas Escrituras, é o grande plano da salvação em Jesus Cristo (Ef 3:3-6). Jesus Cristo é o único meio de salvação, não apenas para os gentios, mas também para os judeus. “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações. Então virá o fim” (Mt 24:14).
O anjo de Apocalipse 10, em seu juramento, proclama que “nos dias da voz do sétimo anjo” se cumpriria “o mistério ou segredo de Deus”. Quer dizer isso que, de 1844 até o fim, seria consumada a obra de pregação do evangelho a todo o mundo. Essa obra não foi consumada na Velha Dispensação chamada Mosaica, por incredulidade do antigo povo de Deus que, por isso mesmo, foi rejeitado como povo.
Também não foi consumada na era cristã até antes de 1844, porque o cristianismo deixou de cumprir sua missão, apostatando. Mas seria consumada de 1844 ao fim, na voz do sétimo anjo, o que implica em dizer que um movimento mundial tomaria lugar dessa data em diante, proclamando o “mistério de Deus” e consumando a obra da redenção entre as nações, através da pureza do evangelho isento de erros e tradições humanas.
Esse movimento predito surgiu em 1844, exatamente depois do primeiro movimento que findou nessa data; tem abrangido todo o mundo e logo terminará sua tarefa.
Apocalipse 10:8: “Então a voz que eu do céu tinha ouvido tornou a falar comigo, e disse: Vai, e toma o livrinho aberto da mão do anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra.”
O livro que é aberto na visão de João é o mesmo que foi selado nas visões de Daniel. Por quanto tempo deveria ele ficar selado? Daniel 12:7 diz que deveria ser por 1.260 anos. O livro de Daniel está sendo aberto nos últimos dias. Profecias que antes não eram entendidas, agora o são. Nem tudo no livro de Daniel foi selado. Nabucodonosor sabia quem era a cabeça de ouro na imagem de Daniel. Havia muitas coisas que foram entendidas.
O que realmente confundiu Daniel naquelas visões foram as profecias de longo tempo. Sobre elas, ele disse: “Espantei-me acerca da visão.” As profecias que o deixaram confuso foram as 70 semanas, os 1.260 dias e os 2.300 dias proféticos, ou seja, um dia equivalente a um ano.
A profecia revelada em Daniel 8:14 diz: “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado.” Em Daniel 9:25, a explanação relativa à primeira parte dos 2.300 anos nos diz que esse grande período profético teria início com “a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém”. E essa ordem, dada aos judeus que eram cativos no Oriente ao tempo da dominação mundial da Pérsia, foi emitida pelo rei Artaxerxes, na última parte do ano 457 a.C. Contando dessa data inicial, os 2.300 anos alcançam a última parte do ano de 1844, quando então a verdade seria restaurada pela pregação e o santuário seria purificado.
Segundo o ritual do santuário do antigo Israel, a purificação do santuário significava a remoção simbólica dos pecados do povo de Deus do santuário, através de um sacrifício especial, oferecido sempre no dia 10 do sétimo mês judaico, correspondendo a outubro do nosso calendário.
O santuário de Israel, erguido por Moisés conforme o modelo que lhe fora mostrado por Deus, era uma figura do verdadeiro santuário que existe no céu, onde Cristo ministra por Sua igreja desde que para lá ascendeu, depois de Sua ressurreição. Desse modo, a purificação simbólica do santuário de Israel realizada pelo sumo sacerdote uma vez ao ano era emblema da purificação do santuário celeste que Cristo devia realizar a partir do fim dos 2.300 anos, ou de 1844.
Como no santuário terrestre os serviços diários eram efetuados no lugar santo e a purificação no lugar santíssimo, de modo idêntico Cristo, desde que ascendeu ao Céu, efetuou Sua obra de intercessão no lugar santo do santuário celestial até 1844. Nessa data, em outubro, Ele deixou o lugar santo e adentrou o lugar santíssimo para efetuar a purificação do santuário, ou seja, a remoção dos pecados de Seu povo. Essa obra de purificação continuará até o fechamento da porta da graça, quando estará concluída a purificação do santuário celestial e Jesus voltará para executar o juízo.
Como os servos de Deus entenderam a purificação do santuário na profecia de Daniel? A resposta histórica é esta: eles entenderam que o santuário a ser purificado no fim dos 2.300 anos, em 1844, era a própria Terra e que, para que isso pudesse ser realizado, Jesus deveria voltar naquele ano e atear fogo e enxofre ao mundo para purificá-lo da maldade humana.
Como chegaram à conclusão de que a Terra seria o santuário a ser purificado? Simplesmente pelo fato de, em 1844, não haver mais santuário na Terra e desconhecerem a doutrina do santuário celestial, do qual o terreno era uma cópia.
O fato de conceberem, pelo livro de Daniel, que Jesus voltaria em 1844 para purificar a Terra e salvá-los, é que cumpre a profecia de ter o profeta achado o livrinho doce como o mel ao tomá-lo da mão do anjo e comê-lo. Nada mais doce para eles do que ter a indicação do ano da volta de Jesus.
Inicialmente, Guilherme Miller, pastor da igreja batista de Nova York, começou a pregar que a volta de Jesus ocorreria no dia 22 de outubro de 1844. O grande erro do movimento consistiu em não compreenderem seus dirigentes a natureza do acontecimento que tomaria lugar no fim do período profético dos 2.300 anos, isto é, em outubro de 1844.
Apocalipse 10:9: “Fui, pois, ao anjo, e lhe pedi que me desse o livrinho. Disse-me ele: Toma-o, e come-o. Ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel.”
Apocalipse 10:10: “Tomei o livrinho da mão do anjo, e o comi. Na minha boca era doce como mel, mas tendo-o comido, o meu ventre ficou amargo.”
A expressão “toma-o e come-o” significa que a mensagem seria devorada. “Achadas as Tuas palavras, logo as comi” (Jr 15:16).
O anúncio da breve volta de Jesus foi recebido com grande entusiasmo. A alegria enchia o coração dos cristãos. Mas eles estavam condenados ao desapontamento. Quando a hora chegou e Jesus não apareceu, a fé dos crentes sofreu um golpe terrível. O que tinha sido doce como mel, agora se tornara amargo como fel, tal como dissera o anjo.
Os discípulos de Cristo passaram por idêntica experiência. Poderia haver coisa mais trágica do que a morte de Jesus, para homens que haviam abandonado tudo, crendo que Ele era o Cristo? Quando eles desceram da cruz o corpo do seu Senhor e o sepultaram, também sepultaram suas esperanças. Sua obra, porém, não estava terminada. Na verdade, ela mal havia começado. Foi depois do grande desapontamento que os apóstolos realizaram sua maior obra. Na tarde após a ressurreição, lemos que o Senhor “abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras” (Lc 24:45).
Desapontamentos humanos são, às vezes, desígnios divinos, e como os apóstolos, dezoito séculos antes, o grande desapontamento de 1844 provou-se uma bênção disfarçada. Uma mensagem maior precisava ainda ser dada ao mundo. Alguns, é certo, renunciaram a sua fé e deixaram a Palavra de Deus, mas esse próprio desapontamento conduziu outros a um estudo mais aprofundado da Bíblia.
Apocalipse 10:11: “Então foi-me dito: Importa que profetizes outra vez acerca de muitos povos, nações, línguas e reis.”
É notável como a profecia indica neste texto um novo movimento mundial constituído de crentes que participaram do grande desapontamento de 1844. Outra vez deviam levantar o clamor mundial da segunda vinda de Cristo, sem, no entanto, assinalarem uma nova data para o Seu aparecimento.
Nova luz devia incidir sobre o caminho dos pesquisadores da Palavra de Deus. Uma "mensagem maior", abarcando profecias ainda não imaginadas, devia vir à luz como resultado daquele estudo. Aquela mensagem pregada até 1844 não era a mensagem final de Deus.
No próximo capítulo, desvendaremos os segredos da sétima trombeta do Apocalipse.
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