sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Profecia confiável: O surgimento de Alexandre


A profecia em Daniel 8 começa com o relato daquilo que o reino medo-persa, simbolizado por um carneiro irado, haveria de fazer. O carneiro é identificado como sendo a Medo-Pérsia (Dn 8:20). Ele é seguido simbolicamente por um bode, representando a Grécia (Dn 8:2-8, 21). Esse bode começa com um grande chifre, à semelhança de um unicórnio. Esse chifre representa seu primeiro rei ao este iniciar a guerra contra o carneiro persa.

Historicamente, sabemos que esse "chifre" foi Alexandre, o Grande, que reuniu seu exército e invadiu o Oriente Próximo, derrotando os persas e conquistando todo o território numa campanha relâmpago que durou apenas três anos.

Críticos do livro têm argumentado que isso não foi uma profecia, mas apenas uma descrição histórica escrita mais tarde como se fosse uma profecia. Há, porém, uma interessante história nos escritos de Flávio Josefo, historiador judeu do primeiro século, que indica que essa profecia já era conhecida no quarto século a. C., portanto bem antes do tempo no qual os críticos dizem que foi escrita (segundo século a. C.).

A história é a respeito da campanha de Alexandre na costa da Síria e Palestina. A caminho do Egito, ele decidiu sair da rota principal e subir para Jerusalém. Ao chegar lá, um dos sacerdotes tomou o rolo de Daniel e lhe mostrou onde ele se situava na profecia, como o grego que haveria de derrotar o império dos persas. Impressionado por essa referência profética a respeito de si mesmo, Alexandre perguntou aos líderes judeus o que poderia fazer por eles. Pediram-lhe que aliviasse os impostos durante os anos sabáticos, quando os campos eram deixados em cultivo e nenhuma colheita era possível. Alexandre teria dito que atenderia ao pedido. O relato de Josefo é o seguinte:

"E quando o livro de Daniel declarou que um dos gregos haveria de destruir o império dos persas, ele supôs que ele mesmo era a pessoa indicada; e, lisonjeado, despediu a multidão. Mas, no dia seguinte, convocou-a e perguntou-lhe que favores gostariam de receber dele. O sumo sacerdote pediu que lhes fosse permitido continuar seguindo as leis de seus antepasados e recebessem isenção dos tributos no sétimo ano. Ele fez como desejavam e quando lhe pediram que permitisse aos judeus da Babilônia e Média a também seguirem suas leis, ele imediatamente prometeu que assim o faria daquele momento em diante." (veja História dos Hebreus, p. 274 - CPAD).

Se essa história de Josefo é verídica, então a profecia de Daniel 8, incluindo o detalhe do grande chifre da Grécia que representava Alexandre, já existia no quarto século a.C. Isso não apenas consistiria em evidência de uma data anterior para a composição de Daniel, mas também mostraria que um dos elementos da profecia teve seu cumprimento e foi reconhecido como tal quando aconteceu.

Desnecessário dizer, mais uma vez os críticos da natureza profética de Daniel rejeitam esse relato, tendo-o como não-histórico. Mas, há alguma evidência, no próprio relato, que testifica da natureza histórica do encontro de ALexandre com os sacerdotes em Jerusalém. Essa evidência vem da referência ao ano sabático nesse contexto.

Cerca de uma dúzia de referências a nos sabáticos tem sido encontrada em fontes extra-bíblicas. Tais textos e inscrições mencionam o equivalente a esses anos sabáticos em termos de outros calendários. Assim, uma tabela de anos sabáticos pode ser feita (Tabelas dos anos sabáticos judaicos podem ser encontradas em B. Z. Wacholder, "The Calendar of Sabbatical Cycles During the Second Temple and The Early Rabbinic Period", Hebrew Union Collge Annual, 1973, p. 153-196) . O encontro com Alexandre ocorreu em 331 a. C. De acordo com a tabela dos anos sabáticos, o próprio ano 331 foi um ano sabático. O fato de a judéia haver sido tomada pelo rei macedônio fez com que os líderes judeus se deparassem com o problema de ter que lhe pagar impostos. Eles não poderiam fazê-lo, pois naquele ano não teriam qualquer colheita. Assim, o pedido era necessário e urgente.

Esse pequeno detalhe, o pedido baseado no ano sabático, fornece evidência de que o episódio realmente aconteceu e que a transcrição histórica, que teve lugar naquele momento, fora, de fato, profetizada por Daniel antes que se cumprisse.


William H. Shea, Ph.D.

Fonte: Diálogo Universitário, Vol. 19, Nº I, 2007. "Quão confiável é a profecia bíblica? O exemplo de Daniel".

Um comentário:

Edna Moda disse...

seu post foi mencionado no blog que indica blogs no tema religião http://ednamoda.blogspot.com/