quarta-feira, 15 de julho de 2009

Harry Potter, de novo


Vem ai mais um filme do garoto que sobreviveu. Algumas pessoas são indiferentes e acham que é apenas mais um filme, enquanto outras veem satanismo em todos os livros e películas da série. Mas qual seria a realidade? Harry Potter é de fato tão nocivo como dizem? Por que as obras do bruxinho (no novo filme, O Enigma do Príncipe, ele já não é mais um bruxinho, mas um adolescente bem formado) fazem tanto sucesso?

Faz dois anos que decidi conhecer os livros de Rowling e li o primeiro por mera curiosidade. Três meses depois, eu havia lido os sete, pois fui fisgado pela narrativa e, preste bem atenção, pela narrativa. A história é muito bem contada, bem amarrada e estruturada. A escritora britânica sabe como manter o interesse do leitor do começo ao fim de sua fantasia. Por isso acredito que o sucesso esteja nessa questão simples: a história é boa e bem contada. Por isso fascina e encanta; por isso prende o leitor.

A autora não apresenta a bruxaria no primeiro nível do livro; ela está no plano de fundo. Não ensina como fazer magias, ou lançar pragas e feitiços, ou falar com espíritos; tudo isso está atrelado como elementos da narrativa, ou seja, na forma de contar a história.

Assim, o leitor é arrebatado pela narrativa, com seus elementos fantasiosos e mirabolantes, e não pelo cenário grotesco, propriamente dito, tendo, com isso, acesso direto a um ambiente recheado de misticismo sem se aperceber disso num primeiro plano.

As pessoas não lêem HP para aprender bruxaria, mas, simplesmente, por estarem encantadas com o conto. Esss, a meu ver, é a razão do sucesso da obra de Rowling, mas, como foi proposto no início, ela seria nociva?

Se você não quer que seu filho tenha acesso a informações sobre misticismo que vão de encontro à verdade bíblica, Harry Potter não é uma boa recomendação.

Como foi dito, o mundo fantástico dos livros de HP está no plano de fundo da narrativa, dando acesso a níveis normais e subliminares de informação sobre bruxaria. Dificilmente pais adquiririam livros que falassem de forma franca e direta sobre misticismo para crianças e adolescentes cristãos, porém, adquirem os livros das histórias de Harry Potter, sem avaliar, com as minúcias necessárias, se as obras estarão despertando interesse dos leitores por assuntos místicos.

Quando terminei de ler as obras de Rowling, fiquei imaginando qual o efeito dessa fantasia perfeitamente orquestrada e de seus personagens conflitantes (como é o caso de Severo Snape) na mente de leitores juvenis. Devo confessar que eu, que já apresento os primeiros sinais de uma calvície que será meu futuro, fiquei fascinado com a história em si, mesmo interpretando muitos pontos de contradição com a Bíblia e de franca teoria e simbolismos místicos (para não dizer satânicos).

Alguns poderiam falar sobre a liberdade de expressão da arte. Que os livros são simplesmente obras artísticas e que todos (inclusive crianças e adolescentes) são convidados a ter acesso a toda forma de literatura. Apesar desse argumento, temos que lembrar que a liberdade tem duas frentes: o artista pode se expressar, mas o leitor (ou o receptor de qualquer outro tipo de arte) pode optar por ter ou não acesso à sua arte. No caso de crianças educadas em ambientes cristãos, os pais devem pesar os valores bíblicos no momento de escolherem leituras e filmes para os filhos.

Alguém já ouviu falar de um pai muçulmano dando livros de magia céltica para seus filhos? Ou budisdas ensinando seus filhos a ler sobre a vida de Cristo? Ou judeus ensinando suas crianças com ficções de lavra religiosa árabe?

Interessante que alguns pais cristãos permitem, livremente, o acesso a assuntos místicos – que possuem claras e inequívocas ressalvas contrárias na Bíblia – aos seus filhos. Isso deve ser repensado.

No meu singelo ver, o maior perigo das obras de Rowling está em seu público-alvo: as crianças e os juvenis. É uma regra básica existente na própria bíblia: Provérbios 22:6 - "ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele."

O que Harry Potter ensina aos nossos infantes? Pese isso e saiba que é desse caminho que eles, quando forem mais velhos, não irão se desviar.

Buscando e oferecendo opções

Quando comecei a escrever ficção, minhas primeiras histórias não tinham elemento religioso algum. Ao contrário, eram repletas de fantasia. Houve, então, um momento em que Deus me chamou para escrever obras direcionadas ao público religioso. Meu primeiro impasse foi: "É possível contar uma boa história sem usar todos os mirabolantes recursos de que os escritores seculares dispõem?" Minhas dívidas só foram sanadas depois que aceitei o desafio de escrever para Deus. Sim, é possível ter boas histórias, boas aventuras, com fundo religioso e de moral cristã. Para conferir isso, basta o leitor acessar, por exemplo, o site da Casa, e ver a quantidade de livros que contam histórias ficcionais e que têm ótima qualidade.

É possível escrever best sellers, tanto infanto-juvenis, como para público adulto, com a ótica cristã; é possível ter livros que contam boas histórias com foco nos padrões morais ensinados na Palavra de Deus.

Observe que os livros seculares têm entretido e ensinado suas doutrinas espúrias ao mesmo tempo. O mesmo é possível com a arte literária sacra, trazendo a história (a aventura, os conflitos, etc.) para o plano de frente e os ensinos para o plano de fundo, como cenário ou elementos de narrativa. A diferença entre esta e aquela é que o escritor cristão não precisa esconder seus ideais em ensinar a Palavra. Nada estará oculto ao leitor, ou em nível imperceptível pelo consciente.

O público cristão, interessado em boa leitura, deve procurar por obras do gênero. Os escritores, por seu turno, devem enfrentar os novos desafios da atualidade, buscando com mais veemência (com ênfase em muita comunhão e oração), para produzir obras que confrontem, em pé de igualdade, qualquer outro escrito secular. Isso, com a graça de Deus, é possível.

Fonte: Michelson Borges

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