Deu na Veja desta semana: “O fenômeno Cinquenta Tons de Cinza está chegando à marca dos 2,4 milhões de livros vendidos no Brasil em apenas quatro meses. O volume 1 da trilogia alcançou 1,13 milhão de exemplares; o segundo, 700.000; e o último, lançado há um mês, vendeu 550.000 cópias. Isso significa que a Intrínseca ganhou na Mega-Sena com a compra dos direitos do livro. Pagou 780.000 dólares pela trilogia (um valor altíssimo no mercado editorial) e vai botar líquidos nos cofres da editora cerca de 20 milhões de reais dos 80 milhões de reais que os três livros de E. L. James faturaram até agora.”
Recentemente, fiz uma viagem a Brasília e, como sempre costumo fazer quando sobra um tempinho antes do embarque, visito livrarias nos aeroportos. Não pude deixar de ver os tais livros de James, afinal, havia pilhas deles em lugares de destaque e cartazes de divulgação. A capa discreta, com a foto de um nó de gravata (no volume 1), esconde o conteúdo sexualmente explícito misturado com romance barato. E o fenômeno se retroalimenta. Com tanta exposição na mídia, as pessoas ficam curiosas e compram a série badalada. Aí comentam com os/as amigos/amigas que também compram para conferir ou simplesmente para estar “na moda”. Isso aumenta as vendas e garante mais presença na mídia.
No último trecho de minha viagem de volta para casa, enquanto esperava o ônibus na rodoviária em São Paulo, vi uma senhora (creio que na casa dos sessenta e poucos anos) com um dos volumes na mão, folheando-o com interesse. O fenômeno editorial está nas ruas (não apenas nos aeroportos), e fiquei pensando no que deve ter motivado aquela senhora a comprar um livro que trata de sadomasoquismo e descreve cenas detalhadas de sexo oral, de fornicação entre um pervertido e uma recém-ex-virgem, e otras cositas mas.
Assim caminha a humanidade. E assim caminha nosso país, onde poucos leem livros, mas, quando resolvem ler, é isso o que consomem.
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