sexta-feira, 19 de junho de 2009

“Batman é Deus, cara!”



A respeito da postagem "Capitão América ressuscita nos quadrinhos", o leitor Marco Dourado, de Curitiba, escreveu: "A ressurreição do Super-Homem foi mais acintosa: ele ressuscitou no terceiro dia e, diante do sepulcro vazio, a Supermoça foi literalmente voando avisar os discípulos, digo, os outros super-heróis: 'O corpo desapareceu!' No seriado Smallville, o jovem Clark Kent é chamado por uma personagem de 'o nosso Salvador' e ainda se dá ao luxo de rebater com ironia: 'Eu não sou um novo Jesus...' Incrível como os quadrinhos vêm conseguindo refletir o espírito de época nos últimos 70 anos. Da minha infância, lembro que as histórias antigas espelhavam os valores tradicionais da sociedade wasp (branca, anglo-saxônica e protestante). As personagens pareciam basear suas condutas na parábola dos talentos: ou usavam suas habilidades estritamente em benefício do próximo (heróis) ou danavam a predar e extorquir a humanidade (vilões). Então vieram a Era de Aquário, o Vietnã, Woodstock, a contracultura, Watergate, a discoteca, os yuppies, a aids, a Queda do Muro, a internet, o ambientalismo e a Al-Qaeda. A tudo isso os quadrinhos se adaptaram. Você não acreditaria em alguns enredos de sucesso feitos na última década. Lembro-me que há exatos 20 anos entrei em uma banca de revistas para comprar um jornal. A meu lado, dois adolescentes folheavam, sôfregos, uma minissérie de luxo do Homem-Morcego, curiosamente intitulada 'O Messias'. Um deles exclamou: 'Pô, meu! Dá uma sacada!' O outro se entusiasmou: 'Sóóóóóó! Batman é Deus, cara!' Bom, se lembrarmos que na Argentina fundaram uma religião com igreja, vitrais góticos e até liturgia para venerar o jogador Diego Maradona... Como diria Asterix: 'Por Tutátis!'"

Fonte: Michelson Borges

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