sexta-feira, 2 de abril de 2010

A ocasião da Páscoa


Talvez a mais famosa época do ano nas sociedades ocidentais seja o Natal. Tanto assim é, que existe uma bem montada e afinada máquina propagandista que é executada com uma precisão tal que, para a maioria, não há espaço de manobra para sequer um breve raciocínio que apele a um pouco de razão; quase todos são engolidos por um processo que é, quase unicamente, comercial.

Habitualmente, a época natalícia é bem mais valorizada do que a da Páscoa. Nesta última ocasião, são menos os adereços, menos os dias de preparação para as festas e menos os convívios familiares que se proporcionam. A própria atmosfera que, impingida, se respira, é bem diferente.

E porque faço esta breve comparação? Porque em ambas as situações se esquece a razão principal para a sua celebração: a pessoa de Jesus. Ele está lá; mas, tristemente, sem lugar de grande destaque.

Não vou, agora, debater a validade ou não de marcar o nascimento de Jesus no Natal, em dezembro; todos sabemos que não foi nessa altura que aconteceu o Seu nascimento, e muito menos as festividades são tão cristãs quanto isso. No entanto, é certo que a época é (ou deveria ser...) usada para esse efeito. Quanto à Páscoa, não há dúvida alguma que a festividade judaica da Pessach aconteceu por esta altura do ano, e foi aí que Jesus morreu.

Portanto, temos dois acontecimentos marcantes da vida de Jesus (nascimento e morte) que são motivo de duas épocas festivas no chamado mundo ocidental. Isto sugere que a ocasião é essencialmente religiosa, e marcadamente cristã. Mas é isso que vemos à nossa volta?

Se existe algo que deveria ser lembrado durante estes dias, poderíamos escolhê-lo de um lote riquíssimo referente aos últimos momentos da vida de Jesus: a Santa Ceia com os discípulos, a noite de agonia no Getsêmani, a Sua crucifixão ou a ressurreição. Mas, hoje isso são apenas aspetos da história, atirados para segundo plano em face da tradição e da prática usual...

Infelizmente, passarão mais estes dias em que as crianças saberão quem é o coelhinho da Páscoa quando deveriam aprender quem é o Cordeiro de Deus; elas também saborearão as tradicionais amêndoas quando deveriam deliciar-se com a história do pão e do sumo de uva que marca a festividade...

Faço uma analogia. Ao contrário do que já ouvi e me tentaram demonstrar, nunca consegui perceber Ellen White defendendo que devemos celebrar o Natal (a única vez que ela usa a palavra celebrar neste contexto, refere-se ao auxílio aos pobres); vi sim, sem dúvida, que devemos encontrar razões para aproveitar a época, sempre de forma distinta daquela que o mundo o faz. Assim, poderei concluir o mesmo para a ocasião da Páscoa? Eu creio que sim.

Então, porque não oferecer a alguém o 'Desejado de Todas as Nações'? Ou mesmo o 'Aos Pés de Cristo' (O Caminho a Cristo, para os amigos brasileiros)? Porque não oferecer a um vizinho um pão cozido em casa e falar-lhe da Santa Ceia? Porque não fazer uma reunião familiar ao jeito da última ceia de Jesus, antes de morrer?

São apenas algumas sugestões. Mas que, julgo, passam para a prática aquele que é o verdadeiro significado da Páscoa: Jesus, pagando com a Sua vida os pecados do mundo.

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