sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Novelas: o poder dos "contos modernos"
Muito se tem falado sobre a influência socializadora televisiva, mais especificamente das novelas, veiculadas em horários em que a família está “reunida”. Mas a pergunta é: Até que ponto esse tipo de programa tem influência em cada pessoa, de modo individual e em sociedade?
É certo que o ser humano sempre teve em sua formação a necessidade de contar histórias. Na Grécia antiga, os mitos ensinavam “o que fazer e como se comportar”. A diferença nos dias atuais é que os mitos foram substituídos pelas telenovelas.
A função dos contos antigos era a de emocionar, surpreender e apaixonar os espectadores, mais a função de modelar comportamentos. Nessas histórias mitológicas, as pessoas aprendiam quais eram as conseqüências das ações.
Nos “contos atuais”, as telenovelas, há uma tentativa de uniformização do comportamento humano, sendo os enredos árduas ferramentas de manipulação, ligadas aos bens de consumo e aos valores morais.
Em termos de consumo, roupas, sapatos, carros e outros bens divulgados no programa são comprados e usados como forma de afirmação pessoal. Novelas também ditam as regras de beleza: cor de cabelo, tonalidade do esmalte, maquiagem, etc. Ao adquirir determinado produto, o cidadão se sente parte da sociedade, dentro dos parâmetros desejados e impostos pelos programas e só pode adquirir aquilo que colocarem à venda.
As telenovelas acabam por abordar a felicidade como um produto de consumo e o indivíduo acredita inconscientemente que somente conseguirá alcançar essa felicidade quando adquirir tal produto de determinada marca, para completar o vazio gerado por esses tipos de programas televisivos (de onde mais poderiam ser geradas tais "necessidades", senão naquilo que vemos ou ouvimos?).
A adolescência é uma fase da vida em que a personalidade passa por intensas metamorfoses até atingir a fase adulta. Durante esse estágio, o ser humano é suscetível à influência alheia, principalmente a televisiva, sendo uma tentativa de se adaptar ao ambiente, aos valores difundidos pelas telenovelas e não por nossa própria vontade. Pessoas com problemas de identidade ou fragilidade em sua auto-estima são mais influenciadas pelos personagens ali representados.
Quanto às crianças, se elas tiverem algum “lugar emocional vazio”, podendo ser de atividade, valor imaginário ou de criatividade, ele será preenchido pelo personagem, o que pode acarretar conflitos internos e até mesmo familiares.
Quando o espaço da mãe ou do pai estiver vazio, qualquer pessoa próxima é capaz de preencher, já que o ser humano não suporta viver com essas lacunas. Novelas são relatos de pessoas que estão ali exclusivamente para comover o público, não sendo portanto um retrato exato da sociedade.
As crianças representam um mercado de extrema importância para redes de TV e grandes empresas. São espectadores frágeis e vulneráveis à manipulação, alvos para um mercado ávido por lucros.
É notável também que as novelas não se preocupam em dar bons exemplos de comportamento; essa obrigação é com certeza dos pais que precisam dar esse bom exemplo e não expor os filhos a maus exemplos nessa fase tão importante de aprendizado e formação do caráter e personalidade da criança.
A fórmula de bem-sucedidas novelas não se expressa pelo que se repete e sim pelo diferente. Pode-se ainda relatar a credibilidade das novelas em que se expressa também em atores que representam vilões, quando chegam a ser vistos com apatia nas ruas pelos espectadores.
Esses programas tentam passar os valores da sociedade baseados no que seria a perfeição do ser humano, com personagens bem-sucedidas, pessoas com poder, seja ele representado por dinheiro, beleza ou intelecto. São valores almejados pelas pessoas e podem interferir no comportamento se o indivíduo viver em função dessa conquista.
Quando o indivíduo se identifica totalmente com a novela, não conseguindo diferenciar o real da fantasia, é um indicativo de que se encontra em um quadro de falta de modelos e referenciais adequados para sua vida. Esse indivíduo se encanta com a fantasia, que é a brincadeira do adulto, a idealização da realidade.
Com a novela, pode-se sentir raiva, xingar, esbravejar, sem medo, pois se trata de uma “brincadeira”. Transportam-se para personagens de novelas problemas reais, que muitas vezes não estão claros em sua própria vida. Quando o telespectador se incomoda muito com determinado personagem, é porque ali existem grandes chances de estarem seus valores, defeitos ou problemas. São suas sombras, a tendência de procurar nas novelas personagens com os quais de identificam, que encontram mais afinidade com sua personalidade.
Quão bom seria se dedicássemos nosso tempo, nossos sentidos, na busca do maior referencial de comportamento, formação de personalidade e caráter do qual dispomos, nas lições de uma vida plena de real felicidade deixadas por Jesus, apresentadas na Palavra de Deus, ansioso por ser o roteirista sua vida desde agora. Não sejamos espectadores em nossas vidas, mas atuantes com um coração voltado e entregue a Deus.
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