quarta-feira, 9 de maio de 2007

Papa defende excomunhão de políticos pró-aborto

O papa Bento 16 afirmou nesta quarta-feira que os bispos mexicanos estão corretos ao indicar a excomunhão como pena aos políticos que aprovaram recentemente a liberalização do aborto na Cidade do México.

Conforme informações da imprensa italiana, Bento 16 disse, já dentro do avião que o leva ao Brasil, que a decisão do episcopado mexicano não foi arbitrária, porque está prevista no Código do Direito Canônico da Igreja Católica.

Bento 16 disse também que "a grande luta da Igreja pela vida, um ponto fundamental do pontificado de João Paulo 2º" deve ser relançada.

Ele afirmou ainda que a vida "é um dom e não uma ameaça", como a mensagem que está na raiz das legislações em favor do aborto.

A declaração do papa suscitou polêmica no país e foi imediatamente rebatida pelo chefe da Sala de Imprensa do Vaticano, padre Federico Lombardi.

De acordo com ele, o papa não defendeu uma excomunhão oficial de todos os politicos que votam em favor de leis abortivas. Apenas justificou a linha adotada pelos bispos mexicanos.

Recado aos italianos
No avião, Bento 16 também mandou um recado aos políticos italianos, que reclamam da intromissão da Igreja nos assuntos cotidianos do país.

"A Igreja como tal não faz política, respeitamos a laicidade", disse. "Mas a Igreja indica as condições nas quais os problemas sociais podem ser amadurecidos", disse.

O pontífice saiu do aeroporto internacional Leonardo da Vinci, em Roma, a bordo do Boeing 777 da Alitalia às 9h08min, hora local, e deverá chegar ao Brasil às 16h30m.

Bento 16 viaja acompanhado do secretário de Estado, dom Tarcisio Bertone, do presidente da Congregação para os Bispos, dom Giovanni Batista Re, do prefeito da Congregação para o Clero, dom Cláudio Hummes e do prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, dom José Saraiva Martins, que pronunciará a petição no rito de canonização do Frei Galvão.

Sobre o lugar da Teologia da Libertação na Igreja Católica, o papa disse ter observado que "é profundamente mudada a situação na qual a Teologia da Libertação nasceu".

"Agora, a questão é como a Igreja deve estar presente na luta pela justiça: sobre isso se dividem teólogos e sociólogos".

O papa disse que na Igreja "há espaço para um debate legítimo sobre como criar as condições para a libertação humana e sobre como tornar eficaz a doutrina da Igreja e indicar as condições humanas e sociais, as grandes linhas nas quais os valores possam crescer".

Segundo Bento 16, "como Congregação (da Doutrina da Fé) procuramos fazer uma ação de discernimento para nos liberarmos dos falsos milenarismos e da politização".

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