sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Quem são os 144.000 selados?


Quem são os 144.000? Alguns dizem que eles constituem os únicos seres humanos que serão salvos. Mas outras passagens da Bíblia afirmam que o número dos salvos será incontável.
Foram submetidas a esta coluna diversas perguntas relacionadas com os 144.000. Devido às restrições do espaço desta seção, só consideraremos alguns pontos de maior relevância. Apresentaremos, no entanto, certos princípios por meio dos quais as pessoas interessadas poderão estudar o assunto por si mesmas.


Em primeiro lugar, lembremo-nos de que lidamos com profecias que se cumprem e com profecias que ainda não se cumpriram. Neste terreno o intérprete precisa andar com cuidado. Recordamos as palavras de Tiago White: "Na exposição de profecias que ainda não se cumpriram, onde a história não está escrita, o pesquisador não deve expor suas asserções com demasiado dogmatismo, para que não se perca no campo da fantasia."
— Review and Herald, 29 de novembro de 1877.


A predição referente aos 144.000 se encontra no Apocalipse, um livro de profecia simbólica. Regras específicas se aplicam à interpretação dos símbolos da profecia. Por exemplo, no tocante ao número 144.000, existe a questão de que se deve interpretá-lo literalmente ou se é um número simbólico que representa um número muito maior em seu cumprimento. Assim, a pergunta referente a se "eles constituem os únicos seres humanos que serão salvos" pode ter uma inferência errônea, pois se o numero é simbólico, o total dos que serão salvos não precisa ser pequeno. Não há dados suficientes para dogmatismo sobre a questão de se interpretar esse número de maneira literal ou simbolicamente, mas as evidências parecem pender em direção à forma simbólica.

Façamos uma rápida análise da profecia acerca dos 144.000. Ela é apresentada em Apocalipse 7. Quatro anjos, "aos quais fora dado fazer dano à Terra e ao mar" (verso 2), recebem a ordem de adiar o dano que iriam causar, até que os servos de Deus fossem selados na fronte. O profeta ouviu então o número dos que foram selados: 144.000, compostos de filhos de Israel" (verso 4).
Depois disso, o profeta viu "grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas" (verso 9). Eles foram vistos "em pé diante do trono e diante do Cordeiro".


E claro que são apresentados aí dois grupos. Os 144.000 são representados como provenientes das 12 tribos de Israel, ao passo que a grande multidão abrange pessoas de todas as nações. Evidentemente, portanto, os 144.000 não constituem os únicos que serão salvos. Além deles, inumerável multidão encontrará a salvação.

Identifiquemos em primeiro lugar os quatro anjos. Notemos que lhes "fora dado fazer dano à Terra e ao mar". Parecem representar, portanto, as instrumentalidades divinas que trarão sobre a Terra os juízos finais de Deus. O selamento representa proteção contra o dano. Os que forem selados não serão destruídos quando os anjos finalmente soltarem os ventos.
Uma vez estudado o simbolismo, devemos perguntar: O que ou quem representam os símbolos? Os pormenores bíblicos são escassos, mas surge a ideia de que os 144.000 constituem aqueles a quem "Deus assina-la para a salvação no último período de tempo, quando Seus juízos estiverem prestes a cair. Comparando Apocalipse 7 com outras passagens, os adventistas elaboraram urna doutrina um tanto minuciosa sobre os 144.000, que a falta de espaço não nos permite reproduzir aqui. Sua interpretação estabelece tais pontos como a identidade do selo e as qualificações de caráter dos que receberão o selo.

Com frequência surge a pergunta: Os 144.000 representam somente os que estarão vivos quando Jesus vier, ou abrangem também alguns dos que morreram? Ao serem consideradas as observações de Ellen White a esse respeito, cumpre lembrar que as predições feitas por ela no início de seu ministério, de que Cristo voltaria brevemente, eram condicionais
(Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 66-69). Isto é confirmado por reiteradas declarações posteriores, em seu ministério, de que Cristo "já teria vindo" se houvessem sido cumpridas certas condições (ver O Desejado de Todas as Nações, ed. popular, pág. 609; O Grande Conflito, pág. 457; Testemunhos Seletos, vol. 3, págs. 72 e 297; Testimonies, vol. 8, págs. 115 e 116). Se o povo do advento houvesse prosseguido em seu entusiasmo inicial, os santos teriam entrado no reino há muito tempo (uns 100 anos atrás). Por conseguinte, as primeiras declarações de Ellen White sobre os 144.000 precisam ser interpretadas no contexto de uma expectativa precoce. A dilatação do Advento torna indefinido o ponto de tempo em que Deus começará a contar os 144.000.

Conquanto Ellen White tivesse muito que dizer sobre os 144.000, reconhecia evidentemente que nem todas as questões haviam sido elucidadas. Escrevendo em 1901, ela disse o seguinte: "Não é Sua vontade que eles [o povo de Deus] se metam em cru discussões acerca de questões que os não ajudam espiritualmente, tais como: Que pessoas vão constituir os cento e quarenta e quatro mil? Isto, aqueles que forem os eleitos de Deus hão de sem dúvida, saber em breve." — Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 174.


por Mário Veloso

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