sexta-feira, 31 de agosto de 2007

A Reforma (parte 2)


aperfeiçoamento dos tipos móveis de impressão, em 1455, foi um tremendo aliado para a expansão da Reforma. Com seu invento, Guttenberg possibilitou a circulação de livros e folhetos de maneira mais acessível e aos milhares. Antes de se inventar a imprensa, os livros eram copiados à mão. Uma Bíblia, na Idade Média, custava o salário de um ano de um operário. Por isso mesmo, é muito significativo o fato de o primeiro livro impresso por Guttenberg haver sido justamente a Bíblia.

Aos poucos, a Palavra de Deus foi sendo traduzida e impressa na língua do povo, que podia agora, por si próprio, perceber o quanto a Igreja se distanciara dos ensinos bíblicos. Os novos ensinamentos dos reformadores, logo que eram escritos, também eram publicados, circulando aos milhões por toda a Europa.

Na Suíça, Ulrico Zuínglio atacou a “remissão de pecados” que muitos procuravam por meio de peregrinações a um altar da Virgem de Einsieldn. Depois foi a vez do teólogo João Calvino publicar sua obra Instituições da Religião Cristã, que acabou por tornar-se regra da doutrina protestante. Na Inglaterra, João Tyndale trouxe à luz a primeira tradução inglesa da Bíblia. Tyndale foi martirizado em Antuérpia, no ano de 1536, mas sua obra foi de grande importância para a Reforma. Na Escócia, João Knox fez desaparecer todos os vestígios da antiga religião e levou a Reforma mais longe ainda do que na Inglaterra, dando origem à Igreja Presbiteriana.

“No início do século 16”, escreveu Jesse Lyman Hurlbut, em sua História da Igreja Cristã, “a única igreja na Europa Ocidental era a católica romana, que se julgava segura da lealdade de todos os reinos. Contudo, antes de findar esse século todos os países do norte da Europa ao oeste da Rússia se haviam separado de Roma, e haviam estabelecido suas próprias igrejas nacionais.”

Para Hurlbut, os princípios da Reforma podem ser resumidos assim: (1) a verdadeira religião está baseada nas Escrituras; (2) a religião deve ser racional e inteligente; (3) deve ser uma religião pessoal; e (4) deve ser uma religião espiritual em oposição à religião formalista.

“Indiscutivelmente houve muitos homens sinceros e espirituais na Igreja Católica Romana, entre os quais podemos destacar Bernardo de Clairvaux, Francisco de Assis e Tomás de Kempis, os quais viviam em íntima comunhão com Deus. Entretanto, de modo geral, na Igreja a religião era letra e não espírito. ... Os reformadores... proclamavam que os homens são justificados não por formas e observâncias externas e sim pela vida interior espiritual”, diz Hurlbut.

No livro O Despontar de Uma Nova Era, Siegfried Schwantes afirma que “a Reforma do século 16 adquire o significado de um acontecimento positivo da maior importância. Despertou a Igreja de sua letargia medieval, e fê-la cônscia não só da necessidade, mas da possibilidade de renovação de sua vida. Não foi a primeira tentativa para reformar a Igreja, mas certamente a primeira a alcançar êxito. ... A História é vista como progredindo em direção de um alvo, o alvo da renovação total da Igreja em preparação para o segundo advento de Cristo. Dessa renovação, a Reforma do século 16 marcou uma etapa importante. Não a etapa final, por certo, mas a que revelava de modo cristalino a operação do Espírito na vida da Igreja.”

De fato, essa renovação da Igreja ainda não estava completa. Faltavam ser redescobertas verdades bíblicas ainda sepultadas sob o pó do tempo e das tradições. Doutrinas que evidenciariam que há um Deus dirigindo os rumos da História, a despeito da atuação frenética do inimigo nos bastidores. Três séculos depois do alvorecer da Reforma, outro movimento religioso poderoso abalaria o mundo. Esse será o tema da próxima série de estudos "O Movimento do Advento".

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