quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Desvendando o Apocalipse: a sétima trombeta



Em primeiro lugar, este capítulo nos apresenta um panorama do santuário de Deus e Seus adoradores. Em seguida, trata das perseguições contra a igreja de Cristo pelo papado, na Idade Média, e da humilhação das Escrituras Sagradas por esse poder, no mesmo período. A Revolução Francesa vem, a seguir, com seus tremendos horrores e sua decidida ação ateísta contra o santo livro de Deus, que, por fim, triunfa sobre seus inimigos.

A sétima trombeta, com seus acontecimentos que porão fim ao império da maldade na Terra, é a grande visão deste capítulo. Porém, encontramos ainda a ira das nações modernas a despeito do anseio pela paz; o tempo do juízo e do merecido galardão aos santos; e o tempo da destruição dos que destroem a Terra. Por fim, descreve o profeta sua visão da “arca do concerto” de Deus, contendo o original da lei do Decálogo, visto no templo de Deus, cuja violação pelo mundo é apresentada como causa de sua próxima destruição.

Apocalipse 11:1: “Foi-me dada uma cana semelhante a uma vara, e foi-me dito: Levanta-te e mede o templo de Deus e o altar, e os que nele adoram.”

O ato de medir algum objeto requer que seja dada atenção especial a ele. A ordem de medir o templo de Deus implica em dizer que a igreja deveria dar atenção especial ao santuário.

O povo que constituiria o novo movimento mundial surgido do desapontamento de 1844 deveria estudar com mais cuidado a questão do santuário. E o santuário, no caso, só poderia ser o celestial, porque o templo de Jerusalém já havia sido destruído por Tito no ano 70, e João recebera a visão no ano 96.

O verdadeiro povo de Deus é medido não de acordo com a sua estatura física, mas por um padrão do que é certo, uma lei. “Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade” (Tg 2:12).

Apocalipse 11:2: “Mas deixa o átrio que está fora do templo; não o meças, porque foi dado aos gentios. Estes pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses.”

As nações européias (os “gentios”), no período de 42 meses, ou 1.260 anos, coagidas pelo papado, pisariam a Igreja de Cristo no próprio átrio do santuário, onde o Senhor oficia como seu Sumo Sacerdote.

O que João estava para testemunhar e o que registrou para nós era a batalha entre a Bíblia e o ateísmo. Essa batalha alcançou o clímax na Revolução Francesa. Os acontecimentos dessa terrível revolução têm se repetido nas últimas décadas e vão se intensificar pouco antes da volta de Jesus.

Apocalipse 11:3: “E darei poder às Minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco.”

Apocalipse 11:4: “Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Senhor da terra.”

Tem havido muita especulação quanto à identidade dessas duas testemunhas. Alguns procuram vê-las como literais, chegando mesmo a nomeá-las como Moisés e Elias. Mas toda a linguagem aí é figurativa. O verso 4 diz: “Estas são as duas oliveiras e os dois castiçais que estão diante do Senhor da terra.” Em Zacarias 4:11-14, as duas oliveiras representam a Palavra de Deus, e a Palavra de Deus é, sem dúvida, uma luz. Diz o Salmo 119:105: “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra, e luz para o meu caminho.” Onde não há Bíblia, há escuridão espiritual.

Analisando conjuntamente os textos de Apocalipse e de Zacarias, os dois ressaltam que da oliveira verte o azeite, que é símbolo do Espírito Santo, enquanto que os castiçais são portadores de luz; a luz do evangelho de Cristo.



Mas as Escrituras são mais do que uma luz; elas dão também testemunho da graça de Deus. Jesus declarou que as Escrituras do Antigo Testamento testificavam dEle. Em Mateus 24:14 lemos: “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, para testemunho a todas as nações.”

A explicação mais satisfatória desta profecia é que as testemunhas são o Antigo e o Novo Testamentos. É fora de dúvida que eles testificam de Cristo. “São estas [as Escrituras] que de Mim testificam” (Jo 5:39). Assim, na linguagem simbólica do Apocalipse, os dois castiçais e as duas testemunhas são referências à Palavra de Deus.

Durante 1.260 anos, as duas testemunhas estão vestidas de pano de saco, um símbolo de obscuridade. Nos tempos bíblicos, o pano de saco era uma referência ao luto. Por que a Bíblia estava de luto? A Bíblia ficou escondida sob linguagens desconhecidas. Quem não lesse o hebraico ou o grego não podia ler a Bíblia.

Antes da imprensa, a Bíblia, que era escrita à mão, custava tão caro que somente os que eram muito ricos podiam tê-la. Uma Bíblia custava mais do que uma fazenda. Os mestres eruditos das universidades tinham acesso à Bíblia, mas não as pessoas comuns.

As vestes de pano de saco durante 1.260 anos indicam a humilhação a que as Escrituras foram submetidas naquele grande período de supremacia temporal do papado, acertadamente chamado Idade Escura, no que diz respeito à religião.

Apocalipse 11:5: “Se alguém lhes quiser causar mal, das suas bocas sairá fogo e devorará os seus inimigos. Se alguém lhes quiser causar mal, importa que assim seja morto.”

Apocalipse 11:6: “Estas têm poder para fechar o céu, para que não chova, nos dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda a sorte de pragas, quantas vezes quiserem.”

Estas palavras evidenciam o poder das duas testemunhas – Antigo e Novo Testamentos. Todos os seus inimigos, aqueles que pervertem os seus ensinos, serão consumidos com o fogo devorador que sairá de suas bocas (Ml 4:1). Pela Palavra de Deus, Elias fechou as janelas do céu de maneira que não choveu por três anos e meio. Pela Palavra do Senhor, Moisés transformou em sangue as águas do Egito. Assim, opor-se às duas testemunhas é um verdadeiro suicídio.

Apocalipse 11:7: “Quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra e os vencerá e matará.”

Depois do papado humilhar por 1.260 anos as duas testemunhas, ou seja, a Bíblia, outro poder surge para fazer-lhe guerra. Na profecia, “besta” significa reino ou poder (Dn 7:17, 23). Subir “do abismo” indica um poder ateu que surge da anarquia, do caos. Qual foi o poder anárquico que surgiu em torno do fim dos 1.260 anos da supremacia papal, que terminou em 1798 e que guerrearia com as “duas testemunhas” ou as Sagradas Escrituras? Qualquer pessoa que conheça a História sabe que o novo poder, que se levantou nesse período, foi a França revolucionária. Esse poder indicado na profecia rejeitaria com violência as Escrituras Sagradas.

Em 10 de novembro de 1793, Bíblias foram juntadas em Paris, amarradas à cauda de um jumento e arrastadas pelas ruas da cidade. Quem fosse encontrado com uma Bíblia em casa era condenado à morte. As ruas de Paris ficaram inundadas de sangue com a morte de 50 mil pessoas na noite de 11 de setembro de 1793.

Apocalipse 11:8: “E os seus corpos jazerão na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado.”

As duas testemunhas foram mortas pela França revolucionária “nas ruas da grande cidade”. Não há dúvida de que a grande cidade aludida é Paris. Nesta profecia, Paris é apresentada espiritualmente como “Sodoma e Egito”.

Nenhum monarca já se aventurou a rebelião mais aberta e arrogante contra Deus do que o fez o rei do Egito. Foi no Egito que Faraó mostrou o seu ateísmo, dizendo: “Quem é o Senhor, para que eu obedeça a Sua voz?” (Êx 5:2). E a licenciosidade de Sodoma era outra característica marcante de Paris.

Como é possível que Jesus fosse crucificado em Paris? Literalmente, sabemos que isso não aconteceu. Mas, quando os seguidores de Cristo são perseguidos e mortos, Ele toma isso como sendo feito diretamente a Ele. Jesus mesmo disse: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o fizestes.” Para a França crucificar a Jesus em Paris, devia fazer isso na pessoa de Seus seguidores. Assim foi Jesus crucificado na “grande cidade” da licenciosidade e do ateísmo nos tempos modernos.

Podemos encontrar ateus em muitos países do mundo, inclusive nos Estados Unidos, Canadá, nos países da Europa e da América do Sul. Mas foi somente a França, como nação, que rejeitou a Palavra de Deus e toda a sua população celebrou o evento.

Apocalipse 11:9: “Homens de vários povos, tribos, línguas e nações verão os seus corpos mortos por três dias e meio, e não permitirão que sejam sepultados.”

Muitos cristãos de outras nações não compartilharam dos ímpios sentimentos dos revolucionários franceses na guerra ateísta contra a Bíblia. Ao contrário, protegeram suas nações do contágio da pestilenta atitude daqueles ateus sem escrúpulos. Não permitiram que as duas testemunhas fossem sepultadas, embora estivessem mortas por três anos e meio. Foi realizado um gigantesco esforço por parte dos verdadeiros cristãos para exaltação da Bíblia, tanto na França como em todas as demais nações da Terra.

Apocalipse 11:10: “Os que habitam na terra se regozijarão sobre eles e se alegrarão, e mandarão presentes uns aos outros, porque estes dois profetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra.”

Temos aqui a alegria dos que odiavam as duas testemunhas que os atormentaram pela reprovação de seus maus atos. Aqueles que estavam contentes com a escuridão.

Conta a história que certa vez chamaram a atenção de uma ajudante doméstica pois ela não fizera um bom serviço na limpeza e arrumação do quarto. Então, ela replicou: “Quando eu limpei o quarto, estava escuro e não pude ver a sujeira. Foi o Sol que entrou pela janela que criou o problema.”

A Bíblia era como o Sol, mostrando a imundície na vida das pessoas. É por isso que muitos não gostavam da luz.

A Revolução Francesa se notabilizou pelo ódio contra o cristianismo e pela violência. Durante esse período, aproximadamente 50 pessoas eram decapitadas por dia na guilhotina.

Apocalipse 11:11: “Depois daqueles três dias e meio o espírito da vida, vindo de Deus, entrou neles, e puseram-se de pé, e caiu grande temor sobre os que os viram.”

Em 11 de novembro de 1793, a Bíblia foi abolida na Franca por meio de decreto. Em Novembro de 1796, foi tomada uma resolução dando tolerância à Bíblia. Essa resolução não foi promulgada até junho de 1797, cumprindo à risca o período de três anos e meio.

Apocalipse 11:12: “Então ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi para aqui. E subiram ao céu em uma nuvem, e os seus inimigos os viram.”

A Bíblia foi exaltada e honrada como nunca. Antes de 1804, a Bíblia havia sido impressa e distribuída em 15 línguas. Hoje, porém, sua mensagem pode ser lida em mais de 1.280 idiomas diferentes. Verdadeiramente as duas testemunhas “subiram ao céu em uma nuvem”.

Apocalipse 11:13: “Naquela mesma hora houve um grande terremoto, e caiu a décima parte da cidade. No terremoto foram mortos sete mil homens, e os demais ficaram atemorizados, e deram glória ao Deus do céu.”

Esse terremoto não é literal, mas simbólico, pois, desde o versículo sete, a profecia vem tratando da grande catástrofe que caiu sobre o povo francês com aquela revolução. O “terror” imposto pela revolução foi, na verdade, o “grande terremoto” moral que abalou toda a França.

A França era um dos dez reinos representados pelos dez dedos da imagem de Nabucodonosor, um dos chifres do animal com dez chifres de Daniel (Dn 7:24) e o dragão de dez chifres de João (Ap 12:3).

Com arrogância, a França desafiou todas as posições de autoridade, o que resultou na mais completa anarquia. Seus atos, os quais desonravam a Deus e desafiavam o Céu, encheram a França de cenas tão sanguinárias, tanta carnificina e horror, que até mesmo os próprios incrédulos tremeram e ficaram aterrorizados.

Os “remanescentes” que conseguiram escapar dos horrores daquela hora “deram glória ao Deus do Céu”, não porque quisessem, mas porque o Deus do Céu fez com que “até a ira humana” O louvasse. Todo o mundo pôde ver que os que fazem guerra contra Deus, cavam a própria sepultura.

Apocalipse 11:14: “É passado o segundo ai; eis que o terceiro ai cedo virá.”

Findou em 11 de agosto de 1840, com a queda do Império Turco-Otomano, o segundo ai, referente à sexta trombeta. É, porém, surpreendente que o profeta colocasse o fim do segundo “ai” imediatamente depois de descrever as cenas proféticas da Revolução Francesa e não em seguida à queda do Império Turco, na sexta trombeta. Possivelmente, dada a importância da Revolução Francesa em suas relações com Deus e o cristianismo, é que ela figura como um parêntese dentro da sexta trombeta.

Conjuntamente, acompanha a advertência de que o terceiro “ai”, ou seja, a sétima trombeta, que começou a soar em 1844, logo haveria de vir.

Apocalipse 11:15: “O sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre.”

Apocalipse 11:16: “E os vinte e quatro anciãos, que estão assentados em seus tronos diante de Deus, prostraram-se sobre seus rostos, e adoraram a Deus,”

Apocalipse 11:17: “dizendo: Graças Te damos, Senhor Deus Todo-poderoso, que és, e que eras, porque tomaste o Teu grande poder, e reinaste.”

Apocalipse 11:18: “Iraram-se as nações; então veio a Tua ira, e o tempo de serem julgados os mortos, e o tempo de dares recompensa aos profetas; Teus servos, e aos santos, e aos que temem o Teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra.”

Apocalipse 11:19: “Abriu-se no céu o templo de Deus, e a arca da Sua aliança foi vista no Seu santuário. E houve relâmpagos, vozes e trovões, e terremoto e grande chuva de pedras.”

A sétima trombeta

Ao soar a sétima trombeta, grandes vozes no Céu anunciam o maior acontecimento da história do mundo: a intervenção de Cristo na Terra. As primeiras seis trombetas anunciaram e realizaram a queda de Roma Ocidental e Oriental, pelos visigodos, vândalos, hunos, hérulos, árabes e turcos. A sétima trombeta anuncia a queda total das nações e do poderio do homem no mundo, pela intervenção de Cristo.

Uma vez mais, vemos o templo no Céu. A arca do Testamento é vista no lugar santíssimo. Os trovões, terremotos e grande saraivada representam o poder e a glória de Deus no Seu trono.

(Texto da Jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

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