segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Desvendando o Apocalipse: o início do fim
O capítulo 15 do Apocalipse encerra dois grandes fatos estreitamente ligados ao plano da salvação de Deus. O primeiro é uma introdução às sete pragas vindouras da ira de Deus, que assinalam o fim da graça divina. O segundo é uma grandiosa visão dos salvos vitoriosos, vistos num glorioso lugar denominado “mar de vidro”.
A segunda parte do Apocalipse, que começa no capítulo 15, apresenta as cenas preparatórias para a punição final e para a recompensa final. Os rebeldes impenitentes recebem as pragas e são sentenciados ao lago de fogo e enxofre. Os crentes fiéis são instalados em tronos e estabelecidos para sempre em seus lares na Nova Jerusalém.
Apocalipse 15:1: “Vi no céu outro sinal, grande e admirável: sete anjos, que tinham as sete últimas pragas; porque nelas é consumada a ira de Deus.”
Esta cena é uma das mais majestosas dentre as visões do Apocalipse. João não esconde a emoção que sentiu ao ter visto no Céu “outro sinal, grande e admirável”. Um novo grupo de sete anjos surge ante seus olhos. O primeiro grupo, o das sete trombetas, representa os vitoriosos guerreiros de Deus contra Seus inimigos desde Roma. O segundo grupo, que é o que agora vislumbramos, representa os mensageiros da ira de Deus sobre Seus inimigos vencidos.
Essa expressão torna claro que outras pragas foram derramadas no passado. O antigo Egito recebeu o impacto direto de dez juízos especiais de Deus – dez tremendas pragas – relatadas no livro de Êxodo. Existem semelhanças interessantes entre as pragas do Egito (Êx 7:20 a 12:30) e as sete últimas pragas. Nos dois casos, encontramos um rio, sangue, rãs, úlceras, granizo e escuridão ameaçadora. Mas não são a mesma coisa.
As sete últimas pragas representam o clímax ou limite superior da punição. E elas são derramadas “sem mistura” (Ap 14:10), ou seja, não-suavizadas pela misericórdia de Deus que em todas as ocasiões anteriores limitou o sofrimento. Ao fim dos mil anos, haverá o derramamento de outra punição (Ap 20:11-15).
Consumar implica terminar. A consumação da ira de Deus nas sete últimas pragas não é uma revelação de ódio da parte de Deus pelos pecadores impenitentes, mas sim a manifestação da justiça de Deus sobre todos os que desprezam o imenso sacrifício da cruz.
Apocalipse 15:2: “E vi como que um mar de vidro misturado com fogo, e os que tinham vencido a besta e a sua imagem e o número do seu nome, estavam em pé junto ao mar de vidro. Tinham as harpas de Deus,”
O próprio profeta não achou palavras precisas para descrever o lugar que viu. Só estando lá se poderá ter uma visão exata do que seja um mar de vidro como cristal misturado com fogo. Os que já contemplaram o espetáculo de um pôr-do-sol à beira do mar podem ter uma pálida idéia da glória que o profeta tentou descrever aqui. À medida que o Sol, como uma enorme bola de fogo, esconde-se atrás da linha do horizonte, o mar parece explodir em chamas de glória. As ondas são retocadas com um tom de vermelho e toda a cena é transformada numa mescla de muitas águas e fogo. Assim foi a visão que se abriu ante o profeta em Patmos, que ainda ouviu os sons de cânticos de vitória. Finalmente os santos estão no lar!
Apocalipse 15:3: “e cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, ó Senhor Deus Todo-Poderoso. Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos séculos.”
Apocalipse 15:4: “Quem não Te temerá, ó Senhor, e não glorificará o Teu nome? Pois só Tu és santo. Todas as nações virão, e se prostrarão diante de Ti, pois os Teus juízos são manifestos.”
João captou os ecos de um poderoso hino que surge dos lábios daqueles que, pela graça, derrotaram o poder do inimigo. É o cântico de Moisés, pois esse cântico transmite o louvor dos que, assim como os do antigo Israel no Mar Vermelho, foram milagrosamente libertos da iminente destruição. Mas é também o cântico do Cordeiro, porque fala da vitória do povo de Deus sobre a morte e a sepultura. Será um cântico de experiência pessoal, e somente os que passaram por ela poderão unir suas vozes nesse louvor.
Apocalipse 15:5: “Depois disto olhei, e abriu-se no céu o santuário do tabernáculo do testemunho,”
Apocalipse 15:6: “e os sete anjos que tinham as sete pragas saíram do templo, vestidos de linho puro e resplandecente, e cingidos à altura do peito com cintos de ouro.”
Apocalipse 15:7: “Um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da ira de Deus que vive para todo o sempre.”
O templo no Céu abre-se agora não para a proclamação de uma nova mensagem de graça, mas para dar saída aos sete mensageiros da destruição. Esses anjos receberam a terrível e solene incumbência de derramar as taças cheias da ira de Deus sobre a cabeça daqueles que persistentemente menosprezaram o convite da misericórdia divina.
Vestidos com vestes emblemáticas da pureza e da fé, estão preparados para cumprir a terrível missão a eles confiada. Esses seres santos, que tantas vezes procuraram auxiliar os mortais na aquisição da salvação gratuita de Deus, são agora novamente enviados a eles, não mais para renovar os apelos do Céu, mas para lhes dar aquilo que seus próprios atos voluntariamente determinaram.
De um dos quatro seres viventes recebem as sete taças de ouro cheias da ira de Deus, sem a mínima mescla de misericórdia de que era acompanhada em outros tempos. O pecador terá que receber, sem qualquer clemência, a conseqüência do que ele mesmo escolheu. Receberá não o que Deus para ele havia separado - porque isso decididamente rejeitou - mas aquilo que foi a sua própria escolha em desafio aos desígnios divinos.
Apocalipse 15:8: “E o templo se encheu de fumaça, procedente da glória de Deus e do Seu poder, e ninguém podia entrar no templo, enquanto não se consumassem as sete pragas dos sete anjos.”
Na dedicação do primeiro templo, o rei Salomão subiu numa pequena plataforma de bronze, ajoelhou-se, abriu os braços e fez uma grandiosa oração. Quando terminou, a glória do Senhor encheu o templo. “Os sacerdotes não podiam entrar na Casa do Senhor, porque a glória do Senhor tinha enchido a Casa do Senhor” (2Cr 7:2). Aquela antiga manifestação de glória marcou o começo do ministério sacerdotal no templo de Salomão. A glória do tempo do fim, antevista em Apocalipse 15, logo marcará o término do ministério sacerdotal no santuário celestial.
Os versos finais de Apocalipse 15 descrevem uma das mais arrebatadoras cenas de todo o livro. Quando os sete anjos saem com as taças da ira, a Escritura diz que até que sua obra seja concluída, “ninguém podia entrar no templo”. Antes que as taças da ira sejam derramadas sobre os culpados, o convite de Deus será ouvido por toda pessoa sobre a Terra; a oportunidade do homem para a salvação terá passado, e a porta da misericórdia será fechada para sempre.
As sete pragas serão derramadas sobre os que receberam o sinal da besta, e esse sinal será aplicado pouco antes do aparecimento de Cristo em glória. Esses juízos cairão depois de haver Cristo terminado o Seu ministério em favor dos pecadores.
Antes do derramamento das sete taças da ira de Deus, a porta da graça divina aberta ao pecador por quase seis milênios terá que se fechar para sempre. O fato de ninguém mais poder entrar no templo durante o lançamento das sete pragas é indicativo de que não haverá mediador em prol do pecador durante o período em que elas serão lançadas na Terra; o templo se encherá a fumaça da glória de Deus e de Seu poder.
Multidões, infelizmente, ficarão do lado de fora como fizeram no tempo de Noé ao vir o dilúvio. A porta da arca salvadora, figura da porta da graça divina, fechou-se sem que as massas percebessem que haviam lavrado o próprio destino.
Ainda há tempo – hoje ainda podemos achegar-nos “confiadamente junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia” (Hb 4:16). Apocalipse 15 fala a respeito de um tempo quando ninguém poderá entrar. Deus tem permitido que o tempo da graça continue para que todos, inclusive assassinos, torturadores e os piores criminosos, possam ter tempo e oportunidade para se arrepender. Mas chegará a hora em que o tempo da graça terminará. Deus dirá: “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se” (Ap 22:11).
Quando a porta da graça se fechar, o povo de Deus estará tão arraigado na verdade que não será mais possível separá-lo dela. Esse povo já estará portando “o selo de Deus”. A vitória contra a besta e a sua imagem estará assegurada.
Graça
Muitas pessoas desconhecem o que seja a graça, embora creiam que serão salvas por ela. Para esquivar-se de certas responsabilidades impostas pela vida cristã, com freqüência afirmam que estão agora na dispensação da graça, como se não houvesse graça nos tempos do Antigo Testamento. Se não houvesse graça antes da cruz, os que viveram antes dela não poderiam ser salvos, pois todos pecaram e o salário do pecado é a morte (Rm 6:23). Que somos salvos pela graça não há dúvida. Mas é claro que a graça não nos exime de todas as responsabilidades da vida cristã.
Então, afinal, o que é a graça? Muitos dos que dizem ser salvos pela graça não sabem explicá-la. Paulo define a graça: “Pois a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2:11). Entendemos que a graça de Deus é o grande plano divino centralizado em Cristo para a salvação de todo pecador arrependido. Em outras palavras: é o evangelho de Cristo (At 20:24). Vê-se, pois, que graça e evangelho são sinônimos.
Como podemos nos apoderar da graça? Diz Paulo: “... mediante quem [por Cristo] obtivemos entrada pela fé e esta graça...” (Rm 5:2). E, depois de nos apoderarmos da graça pela fé, somos justificados por ela dos nossos pecados: “Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:23, 24).
Mas, quem poderá, em verdade, ser justificado pela graça por meio de Cristo? Aqui está a resposta do apóstolo: “... mas os que praticam a lei hão de ser justificados” (Rm 2:13).
Ora, uma vez que a fé é indispensável para nos apossarmos da graça e é necessária a observância da lei de Deus para sermos justificados por ela, concluímos que a fé e a lei estão unidas na salvação pela graça. É preciso, portanto, harmonizar a fé com a lei para nos apoderarmos da graça e da justificação, ambas indispensáveis para a salvação.
Agora, sim, somos salvos pela graça através da fé que nos conduz inexoravelmente a aceitar e observar a lei de Deus: “Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé – e isto não vem de vós, é dom de Deus – não das obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:8-10). “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes confirmamos a lei” (Rm 3:31).
Resumindo: o pecador é perdoado e justificado pela graça do Salvador, não para continuar a violar a lei, mas para, daí em diante, viver em harmonia com ela. Nas palavras de Paulo: “Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porque não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Que diremos, pois? Havemos de pecar por não estarmos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum” (Rm 6:14, 15).
Quando Paulo afirma que não estamos “debaixo da lei”, ele quer dizer como meio de salvação, “pois é pela graça que sois salvos”. Ninguém é salvo pelas obras da lei. Não há qualquer dúvida quanto a isso. No entanto, ele enfatiza que os que estão “debaixo da graça” não pecam contra a lei de Deus. Pelo contrário, vivem em harmonia com ela exatamente por estarem debaixo da graça de Deus.
Por fim, o apóstolo apela para que todos nos acheguemos “com confiança ao trono da graça” (Hb 4:16). A existência de um trono implica a existência de um reino; e a existência de um reino, implica a existência de uma lei real. Não pode existir um reino da graça sem a sua respectiva lei. Desse modo, os que pretendem viver no reino da graça eximindo-se de cumprir sua lei, não sabem realmente o que fazem.
A graça de Deus é estendida a todos. O tempo de decidir é agora. Aceite-a.
(Texto da Jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)
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