quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Acelerador de partículas vira arma contra o câncer


Existe uma nova corrida por armas nucleares em curso - dessa vez nos hospitais. Os centros médicos estão envolvidos em um esforço por transformar os aceleradores de partículas nucleares, até recentemente usados apenas para pesquisas exóticas de Física, em suas mais recentes armas na batalha contra o câncer. Alguns especialistas dizem que esses esforços apontam tanto para os pontos mais positivos quanto para os mais negativos do sistema de mercado usado nos serviços de saúde dos Estados Unidos, que tendem a promover o uso dos mais recentes e mais dispendiosos tratamentos - ainda que não haja muitas provas de benefício à saúde -, sem levar em conta os custos cada vez mais elevados, que têm impacto sobre a sobrecarregada a economia do país.

As máquinas aceleram prótons até uma velocidade próxima à da luz, e os disparam contra tumores. Os cientistas dizem que os feixes de prótons são mais precisos que os raios-x hoje em uso na radioterapia, o que significa uma redução nos efeitos colaterais gerados pela radiação dispersa e, possivelmente, em nível de cura mais elevado.

Mas um acelerador de partículas de 222 t - e uma edificação de 100 m de comprimento e com paredes de até 5,5 m de espessura para alojá-lo - podem custar mais de US$ 100 milhões. Isso torna um centro de prótons, nas palavras de um fornecedor de equipamentos, "a mais dispendiosa ferramenta médica que existe".

Até 2000, os Estados Unidos dispunham de apenas um centro de terapia por próton instalado em hospitais. Agora há cinco deles, e outros 12 ou mais foram anunciando. Além disso, planos para a construção de um número ainda maior de instalações como essas já foram anunciados.

Alguns especialistas afirmam que existe imensa necessidade de mais centros de prótons. Mas outros alegam que a mentalidade de corrida armamentista terminou por assumir o controle, e os centros médicos estão tentando liderar a adoção desse tipo de equipamento a fim de tirar vantagem do prestígio - e dos lucros - que um centro de terapia por prótons poderia oferecer. ...

"É uma simples questão de Física", disse o médico Jerry Slater, diretor de medicina radiológica do Centro Médico da Universidade Loma Linda [tradicional universidade adventista do sétimo dia], no sul da Califórnia. "Cada feixe de raios-x que eu utilizo coloca a maior parte da dose de radiação em lugar diferente daquele que desejo." Em contraste, ele afirma, os feixes de prótons dirigem a maior parte da dose ao tumor.

O centro médico de Loma Linda construiu o primeiro centro de terapia por prótons nos Estados Unidos, em 1990, e já tratou 13 mil pacientes. O sucesso da unidade inspirou esforços semelhantes.

Surgiram empresas para ajudar a financiar, construir e operar os centros de tratamento por prótons. Em alguns caso, governos locais e estaduais, em um esforço por atrair turistas médicos, decidiram colaborar. Os recursos obtidos dessa maneira estão permitindo que centros de terapia por prótons sejam construídos até mesmo por hospitais comunitários ou grupos de médicos. ...

(Terra)

Nota: O documentário "História da Igreja" mostra, entre outras coisas, o centro médico da universidade adventista de Loma Linda.

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