terça-feira, 10 de março de 2009
Bento XVI: "Roma deve reencontrar sua alma"
O Papa Bento XVI se dirigiu hoje às autoridades civis da cidade de Roma, e as animou a voltar a "encontrar a alma desta cidade, berço da civilização", de seu passado imperial e cristão, para poder responder aos desafios atuais. "Na época pós-moderna, Roma deve voltar a apropriar-se de sua alma mais profunda, de suas raízes civis e cristãs, se quiser tornar-se promotora de um novo humanismo que coloque no centro a questão do homem reconhecido em sua realidade plena", afirmou. O Papa foi recebido nesta manhã pelas autoridades civis da Urbe no Campidoglio, sede da prefeitura hoje governada por Gianni Alemanno, e em cuja praça milhares de romanos se reuniram para dar-lhe as boas-vindas.
Em seu discurso, na Sala Giulio Cesare, em presença dos vereadores e demais autoridades civis, Bento XVI afirmou a importância de redescobrir, especialmente as novas gerações, os "valores perenes" do homem, especialmente a referência a Deus. "Os episódios de violência, deplorados por todos, manifestam um mal-estar mais profundo; são sinal de uma verdadeira pobreza espiritual que aflige o coração do homem contemporâneo."
"A eliminação de Deus e de sua lei, como condição da realização da felicidade do homem, não alcançou de fato seu objetivo; ao contrário, priva o homem das certezas espirituais e da esperança necessárias para enfrentar as dificuldades e os desafios cotidianos", acrescentou.
Diante do "enfraquecimento preocupante dos ideais humanos e espirituais" que fizeram de Roma o "modelo" de civilização para o mundo inteiro, o Papa propôs a colaboração da Igreja, através das paróquias e instâncias educativas. (...)
O Papa mostrou seu conhecimento de que, "extraindo nova seiva das raízes de sua história, plasmada pelo direito antigo e pela fé cristã, Roma saberá encontrar a força para exigir de todos o respeito às normas da convivência civil e rejeitar toda forma de intolerância e discriminação". (...) [Grifos acrescentados.]
Zenit
Nota: O grande problema da igreja cristã primitiva foi justamente sua romanização. Enquanto os discípulos e seus seguidores diretos puderam preservar a doutrina pura deixada por Jesus e registrada nos evangelhos, a força da igreja residia no poder do Espírito Santo e no testemunho poderoso dos cristãos. Com o tempo, esse poder foi substituído pelos compromissos com o Estado. O poder espiritual foi eclipsado pela influência política. Ao mesmo tempo, doutrinas pagãs como a observância do dia do Sol (sunday), o domingo, e a veneração aos mortos, além do culto às imagens, passaram a invadir a igreja sob a influência do Império Romano, agora cristianizado (mas com um pé no paganismo). É essa a "alma de Roma" que o papa quer resgatar? Quando fala em "lei de Deus", Bento XVI pensa em Êxodo 20 ou no Catecismo, com seu mandamento que ordena a guarda do domingo em lugar do sábado, o memorial da Criação? A solução para o mundo dependeria, então, de um sistema político-religioso? Se, para responder aos desafios modernos, é necessário voltar ao "passado imperial e cristão" da igreja, os perigos de uma religião opressora que conta com o apoio do Estado podem estar mais uma vez rondando a humanidade. O passado está cada vez mais próximo...
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