sexta-feira, 30 de maio de 2008

As Leis da Bíblia


Basta uma olhada rápida na Bíblia para percebermos que os seus escritores tratam de mais de um tipo de Lei, pois em alguns momentos ela é considerada abolida por Cristo (cf. Efés. 2:15), mas em outros ela é chamada de “lei da liberdade” (cf. Tiago 2:12).

Há alguma contradição no texto bíblico? Os autores estão ensinando doutrinas opostas? Ou será que eles estão tratando de leis diferentes?!

Tomemos o exemplo de Paulo:
Em Efés. 2:5 o apóstolo diz que Jesus “aboliu na sua carne a lei dos mandamentos na forma de ordenanças”. Porém, no mesmo livro, em 6:1-3, Paulo aconselha os filhos a seguirem um Mandamento da Lei moral, que trata da honra devida ao pai e à mãe (cf. Êx 20:12).

Como é possível!? A lei foi ou não abolida com o sacrifício de Cristo? Paulo está se contradizendo? Ou será que ele está tratando de duas leis diferentes...?

Parece-me que esta última é a única alternativa lógica para solucionarmos tão “aparente” discrepância bíblica.

É claro que, como estudioso das Escrituras, o grande apóstolo da graça tinha conhecimento de que existiam leis diferentes que conduziam a vida do povo de Deus, na época representado pela nação de Israel. Haviam as leis civis, que tratavam de assuntos ligados ao dia-a-dia comercial, político, econômico, familiar, pecuniário, etc (cf. Lev. 25:35-38; Deut. 15:12-18; etc.); haviam as leis de higiene, destinadas a manter um ambiente livre de contaminações (cf. Deut. 23:9-14); tinham também as leis destinadas à distinção entre animais limpos e imundos (cf. Lev. 11); também aquelas referentes aos sacrifícios expiatórios do santuário, com todo o seu ritual e símbolos que apontavam ao Messias - estas últimas eram as chamadas “leis cerimoniais” (que podem ser vistas, por exemplo, em quase todo o livro de Levítico); assim como também havia a Lei moral, baseada nos 10 Mandamentos entregues a Moisés no Sinai (cf. Êx 20).
Dessas leis, a que Jesus “cravou na cruz” foi a que tratava dos aspectos simbólicos que deveriam retratar o Messias vindouro, o “Cordeiro” que resgataria o povo de Deus da escravidão do pecado (cf. Isa. 53). Todo esse cerimonialismo (ofertas de animais, derramamento de sangue inocente, purificações rituais do santuário, etc.), tudo se cumpriu no sacrifício perfeito e eficaz que o Senhor Jesus Cristo realizou por nós no Calvário. Era dessa lei transitória que Paulo estava tratando em Efés. 2:15, uma lei baseada em “ordenanças”.

Porém, a Lei moral, firmada em tábuas de pedra, escrita pelo dedo do Criador e Redentor do mundo (Êx. 31:18), nunca passou. Ela reflete dois princípios básicos, sobre os quais deve estar firmada a vida do servo de Deus:

1. Amar a Deus sobre todas as coisas (cf. Deut. 6:5; Mat. 22:37-38). Isto está perfeitamente traçado nos primeiros 4 Mandamentos, pois através do cumprimento deste grupo de preceitos demonstramos, realmente, se amamos a Deus acima de tudo – trabalho, família, riquezas, prazeres, amigos, etc. Muitos, por exemplo, não querem guardar o santo sábado para não perderem um emprego ou algum recurso financeiro que é conquistado no 7º dia (feiras, comércio, etc.). Esses não estão amando a Deus sobre todas as coisas, pois estão demonstrando uma fé vacilante (cf. Sal. 37:25), ou "arrogante", o que é pior!

2. Amar ao próximo como a nós mesmos (cf. Lev. 19:18; Mat. 22:39; Tiago 2:8). Neste princípio divino baseiam-se os outros 6 Mandamentos da Lei moral. Guardando tais Mandamentos, estaremos demonstrando amor, respeito e consideração pelo nosso próximo, a começar pela própria família, especialmente os pais.

Jesus, da forma sábia como Lhe era peculiar, mostrou que destes dois grandes princípios dependem não só a Lei, mas toda a Bíblia (cf. Mat. 22:40).

Os Adventistas crêem neste maravilhoso ensino de Jesus, de que o amor é o cumprimento da Lei de Deus – primeiro para com Ele, e depois para com Suas criaturas. Muitos hoje dizem que amam a Deus, mas suas vidas demonstram que este é um amor frágil e conveniente, pois está baseado em um falso sentimento de “liberdade” para desobedecer a Sua Lei.

Amar também envolve obedecer, pois a Bíblia chega a ser “dura” ao chamar de “mentiroso” aquele que afirma amar e conhecer a Deus, mas que não está disposto a obedecê-Lo na guarda dos Mandamentos, custe o que custar (cf. 1Jo 2:4; Jo 14:15). Os que pensam assim (que a graça os liberta da obediência aos Mandamentos), encaixam-se perfeitamente na descrição bíblica sobre os apóstatas do primeiro século, que estavam transformando a graça de Deus em “libertinagem” (cf. Judas 4). Veja que coisa horrível!

Espero que você, caro leitor, reflita com carinho e paciência neste tema tão importante, pois envolve aspectos eternos. Você acredita que uma pessoa que não obedece a Deus pode REALMENTE considerar-se um “servo” dEle?

Fonte:Gilson Medeiros

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