sexta-feira, 30 de maio de 2008

Células-tronco Embrionárias


O debate sobre o uso de células-tronco embrionárias nas pesquisas genéticas está em foco em todos os noticiários atuais aqui no Brasil. O motivo é a apreciação por parte do Supremo Tribunal Federal acerca da permissão ou não de pesquisas desse tipo aqui no País.

Alguns Adventistas têm enviado perguntas sobre como devemos nos posicionar em relação à esta temática.

Como a Bíblia é um livro escrito há milhares de anos (apesar de seus princípios serem imutáveis e eternos), ela não trata de certos temas relacionados com a vida humana deste 3º milênio. Você não encontrará nas Escrituras alguma referência específica a: Internet, Clonagem humana, Cocaína, Crack, Megasena... e... pesquisa com embriões.

Como eu disse, a Bíblia trata dos PRINCÍPIOS, e não entra nos detalhes de certos temas específicos (apesar de alguns insistirem em que ela deveria detalhar), como é o caso aqui.

Portanto, a Igreja Adventista não tem ainda uma posição "oficial" e "fechada" sobre este assunto, mas já divulgou alguns documentos que podem orientar o posicionamento da membresia. Afinal, o próprio Espírito de Profecia nos aconselha a pensarmos por nós mesmos, e não sermos "meros refletores de pensamentos alheios". Ou seja, vamos ver quais princípios bíblicos estão envolvidos no tema da pesquisa de células-tronco, e analisamos até onde podemos tomar uma posição sobre o tema.

No livro Declarações da Igreja, publicado pela CPB em 2005 (o qual eu aconselho que todos leiam), encontramos alguns princípios norteadores sobre terapias genéticas humanas.

Vejamos...

Tendo em vista que a terapia genética ainda está no seu início, é nossa responsabilidade como cristãos pensantes estar a par de seu potencial para satisfazer as necessidades humanas, entender os riscos biológicos e genéticos que acarretam, e evitar o seu uso impróprio. Decisões nesta área complexa e em expansão devem estar em harmonia com os seguintes princípios bíblicos:

1. Aliviar o sofrimento e preservar a vida. A Bíblia indica que Deus está sempre preocupado com a saúde, o bem-estar e a restauração de Suas Criaturas (Prov. 3:1-8; Sal. 103:2-3; Mat. 10:29-31, 11:4-5; Atos 10:38; João 10:10). Ele nos ordena a continuar Seu ministério de cura (Mat. 10:1; Luc. 9:2). Visto que a terapia genética pode prevenir doenças genéticas e restaurar a saúde, deveria ser bem-vinda como um meio de cooperar com a iniciativa divina de aliviar o sofrimento que pode ser evitado.

2. Proteger de danos. As Escrituras nos incumbem de defender as pessoas vulneráveis (Deut. 10:17-19; Sal. 9:9; Isa. 1:16-17; Mat. 25:31-46; Luc. 4:18-19). Quando a doença ou desordem genética não é uma ameaça à vida, a intervenção genética pode ser considerada somente se houver sido alcançado um alto nível de segurança e a vida estiver protegida em todos os seus estágios de desenvolvimento. Mesmo em situações em que a vida está em jogo, os riscos envolvidos em intervenções genéticas devem ser ponderados tendo em vista a probabilidade de cura.

3. Honrar a imagem de Deus. Os seres humanos, criados à imagem de Deus (Gên. 1:26-27), são diferentes em classe e grau de todas as outras criaturas terrenas, tendo habilidades racionais dadas por Deus, apreço aos valores espirituais e a capacidade de fazer decisões morais (1Reis 3:9; Dan. 2:20-23; Fil. 4:8-9; Sal. 8:3-8; Ecles. 3:10-11). Devem ser tomadas precauções em relação a qualquer ação que possa mudar permanentemente o genoma humano e afetar sua capacidade.

4. Proteger a autonomia humana. Deus confere um grande valor à liberdade humana (Deut. 30:15-20; Gên. 4:7). Alterações genéticas que possam limitar as habilidades do indivíduo, restringir sua participação na sociedade, reduzir sua autonomia ou prejudicar sua liberdade pessoal devem ser rejeitadas.

5. Entender a Criação de Deus. Visto que Deus dotou os seres humanos de inteligência e criatividade, Ele pretende que eles sejam responsáveis pela Criação (Gên. 1:28) e cresçam na compreensão dos princípios de vida, incluindo a função de seus corpos (Mat. 6:26-29; 1Cor. 14:20; Sal. 8:3-9; 139:1-6, 13-16). O estudo e a pesquisa ética só podem aumentar nosso apreço pela sabedoria e a bondade divinas.

Págs. 177-178.

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Até o momento, sem ter parado ainda para analisar detalhadamente a "teologia" da questão de pesquisa com células-tronco, eu raciocino da seguinte maneira...

a) Se o sistema nervoso só é formado após os 14 dias de fecundação do óvulo;
b) Se os embriões utilizados nas pesquisas terão menos de 14 dias, portanto, estarão ainda desprovidos de células da "consciência", digamos assim;
c) Se estarão congelados há mais de 3 anos;
d) Se, caso não sejam utilizados nas pesquisas, nunca se tornariam uma vida humana, pois não poderão ser implantados no útero de alguma mulher;
e) Se estas pesquisas permitirão que o sofrimento de um grande número de pessoas, que hoje sofrem de doenças degenerativas, seja aliviado;

Então...

Até o presente momento, eu não vejo mal na pesquisa responsável e ética com o uso de células-tronco, conforme as diretrizes acima.

Posso estar enganado, mas é o que eu penso até agora.

Fonte:
Gilson Medeiros

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