quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
A luta dos filhos de Abraão
Muitas pessoas têm acompanhado os sangrentos combates entre Judeus e Palestinos e se perguntado razão de tanto ódio entre estes dois povos. A ofensiva já fez centenas de vítimas, a maioria deles, civis e inocentes como crianças, idosos e mulheres. O que está por trás deste conflito, onde estão suas origens?
A história Bíblica nos relata que o patriarca Abraão e sua esposa Sara não podiam ter filhos, no entanto Deus havia lhes prometido um filho e uma descendência. Abraão teve com Hagar um filho chamado Ismael, e com Sara um filho chamado Isaque. Os dois tornaram-se rivais e mais tarde, quando seus descendentes tornaram-se grandes nações, esta luta continuou entre Israel que ocupou a região que hoje chamamos de Palestina e os Ismaelitas, que hoje chamamos de Árabes que ocupavam os desertos.
Uma vez que Deus havia assegurado a posse da terra de Canaã (moderna Palestina) aos descendentes prometidos a Abraão, os que tiverem a posse da terra, podem reclamar ser a descendência de Abraão e teoricamente o povo escolhido por Deus. Mas isto, apenas teoricamente!
Quando Israel voltou de seu período de escravidão do Egito, invadiu a região no período de Josué e controlou na época do reinado de Davi. Depois de Salomão, o reino foi dividido em norte (Israel) e sul (Judá), restando posteriormente apenas Judá que conseguiu sobreviver ao domínio Babilônico e voltou a reconstruir Jerusalém a cidade de Davi, onde existia o Templo e único local sagrado para o Judaísmo.
Durante o 1º século d.C., a Judéia foi submetida ao domínio Romano que depois de várias revoltas dos Judeus, finalmente destruiu Jerusalém no ano 70 d.C. expulsando os Judeus e dispersando-os por todo Império Romano, na ‘diáspora’. O nome da Judéia foi mudado pelos Romanos para Palestina ( terra dos Filisteus), na tentativa de acabar com a cultura judaica.
Com Jerusalém devastada, o templo aniquilado e os judeus exilados, a terra foi progressivamente repovoada pelos árabes que viriam naquela região a tornar-se o que chamamos de Palestinos, já no século XIX a cultura árabe estava completamente enraizada.
Embora a cultura Judaica tenha resistido de forma notável a incontáveis perseguições, Judeus permaneceram em várias regiões do mundo vivendo em pequenos grupos e comunidades, prosperando e sobrevivendo de forma prodigiosa, enquanto os Árabes tornavam-se cada vez mais numerosos e ocupavam cada vez mais territórios no oriente.
Seria no entanto, no 4º século d.C que um Árabe chamado Mohamed (popularmente chamado de Maomé) mudaria a história. Mohamed depois de contanto com aspectos do Judaísmo e do Cristianismo, reivindicou ser o profeta de Alá o Deus único, de seus ensinos produziu-se o Alcorão e com este a religião chamada de Islamismo.Mohamed unificou as tribos Árabes e todo que não aceitava o Islã, foi combatido como um infiel.
Uma vez que eventos importantes da história de Mohamed haviam ocorrido em Jerusalém, uma vez também que Jerusalém era a capital da antiga Judéia e cidade onde outrora existia o Templo dos Judeus e ainda, por ser uma cidade igualmente importante para Cristãos, Jerusalém passou a ser o símbolo da posse da terra prometida, ou seja, quem a possui, é a descendência de Abraão e os escolhidos de Deus, em outras palavras, supostamente a religião verdadeira. Mas isto, apenas supostamente ou teoricamente!
Séculos de guerras chamadas de ‘cruzadas’ ocorreram entre Cristãos e Mulçumanos pela posse de Jerusalém e das chamadas terras Bíblicas. Depois do declínio do império Turco e Mulçumano, a região foi dominada pela Inglaterra mas com ocupação predominantemente Árabe. Os Judeus dispersos, viviam uma crescente prosperidade com fim das perseguições dos Reis Católicos e o declínio da força Papal.
No fim do século XIX, os judeus de todo mundo haviam desenvolvido o conceito de movimento Sionista, concebido para organizar um estado Judeu soberano em Jerusalém, único local onde poderia haver o Templo que fora destruído pelos Romanos, mas agora ocupado por uma Mesquita dos Mulçumanos.
Os Judeus sionistas começaram uma paulatina migração para a Palestina, comprando terrenos Árabes e progressivamente colonizando um estado Árabe governado por estrangeiros Ingleses. As tensões aumentaram quando uma carta do secretário da Inglaterra para assuntos estratégicos, Arthur J. Balfour, ao Lord Rothschild judeu proeminente da mais poderosa família de bancários Europeus, na qual declarava as intenções da rainha em subverter o império Otomano e criar um estado Judeu. A carta foi apoiada pelos aliados da Inglaterra na 1ª guerra mundial, França e EUA que em 1918 aprovou a carta e iniciou sua parceria com o Sionismo.
Durante a 1ª Guerra Mundial, a Turquia apoiou a Alemanha que era inimiga da Inglaterra e com o fim do conflito permaneceu o descontentamento Alemão contra os vencedores do conflito, que eram por sua vez apoiados pelos Judeus Sionistas. Ao romper a 2ª Guerra Mundial, a vingança Alemã contra seus aliados concentrou-se contra aqueles que na visão do Nazismo detinham o poder econômico de seus inimigos, os Judeus. O anti-semitismo foi alimentado pelas heranças da Inquisição Católica, uma vez que o Vaticano era aliado de Mussolini e simpatizante de Hitler, bem como pela idéia de superioridade Ariana e o misticismo envolvido por trás disso. O resultado foi o Holocausto de milhões de Judeus!
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, a causa Sionista ganhou grande simpatia mundial uma vez que eles eram vítimas do Nazismo. A poderosa influencia dos EUA vai ser sentida na ONU que defende a criação de um estado Judeu, declarado em 1947. A partilha da Palestina entre Árabes e Israelenses, deixando Jerusalém com status internacional.
A liga Árabe rejeitou o plano e em 1948, estourou a guerra com a saída das tropas Britânicas e a proclamação do Estado de Israel. A liga entre Egito, Síria, Iraque, Transjordânia e Líbano ataca Israel que não apenas se defende, mas aumenta seu território, tendo apoio bélico e financeiro do ocidente. Os Palestinos ficariam sem território e oprimidos pela ocupação Judaica, até a formação da OLP que lutaria pela formação de um estado Palestino na faixa de Gaza e na Cisjordânia que recebeu autonomia apenas em 1993, depois de décadas de guerras e tensões.
O problema não foi resolvido, pois na prática, colônias Judaicas continuaram a avançar em áreas Palestinas e o Islamismo continuou a pender para o fundamentalismo. Em 2006 o Hamas vence as eleições Palestinas, assumindo o controle da faixa de Gaza e em represaria contra condições de vida impostas por Israel quebra o cessar fogo lançando foguetes contra Israel.
Por que os EUA apóiam Israel? Mais uma vez o problema é cultural e religioso, na época em que o Sionismo era desenvolvido, também crescia no meio Evangélico Protestante Norte Americano a teologia do Dispensacionalismo que ensina o cumprimento literal e terrestre das profecias de restauração nacional e espiritual de Israel. Ensina que o Templo Judeu será reconstruído, os Judeus vão converter-se e tornarem-se os 144 mil. Ensina que naquela região, no vale do Megido se dará a última batalha que a Bíblia chama de Armagedom, interpretada pelo Dispensacionalismo como um conflito bélico literal entre fiéis e infiéis.
Séculos de preconceito e mortes estão fundamentados em péssimas interpretações da revelação de Deus, tanto do lado Cristão, Judeu e Mulçumano.
Quando a Samaritana perguntou a Jesus, onde deveria adorar, em Samaria ou em Jerusalém, Jesus respondeu que a conhecimento verdadeiro vinha dos Judeus, mas que os verdadeiros adoradores adorariam a Deus em espírito e verdade, (S.Jo. 4).
Jerusalém é tudo e é nada! Parece tão importante para aqueles que buscam proclamar-se como os escolhidos de Deus, mas é nada no conceito de que pedras e areia nada representam a um Deus que nos “procura para seus adoradores” (S. Jo 4:23).
Esta é a história de Cristãos, Árabes e Judeus, esta é a história da briga entre os filhos de Abraão, Isaque e Ismael. Quanta dor e quantos inocentes feitos como vítimas de ambos os lados! Quando preconceito desenvolvido e miséria plantada! Tudo isso por nada!
O que seria se o adultério, a desconfiança e a rivalidade não tivesse entrado na família de Abraão?
Aaa... se nosso Pai Abraão (ainda que Pai na fé) tivesse confiado um pouco mais na promessa de Deus! Aaa... se percebêssemos que somos todos irmãos e herdeiros da mesma promessa, onde quer que estejamos!
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