segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Mentiras que parecem verdades



“... Mas vocês estão confiando em mentiras e pensam que a desonestidade os protegerá... Os abrigos em que vocês confiam não são seguros; eles serão destruídos por chuvas de pedra, serão arrasados por trombas d’água” (Is 28. 15 e 17).

O escritor italiano Umberto Eco, autor de várias obras na literatura mundial, entre elas “O Nome da Rosa”, escreveu também um texto crítico, de grande repercussão na área de educação sob o título “Mentiras Que Parecem Verdades”.

Nesse texto, ele se refere às mentiras que aparecem nos livros didáticos de seu país, quando tratam de assuntos como pátria, guerra, escola, trabalho, dinheiro e até mesmo quando se referem a Deus e à religião.

Para Umberto Eco, todos esses valores da sociedade humana são sempre apresentados de maneira mascarada, isto é, de maneira mentirosa, e de forma tão perfeita e bem elaborada que não passam de “mentiras que parecem verdades”.

Tudo isso nos faz pensar em uma questão muito séria em relação ao comportamento humano: por que as pessoas mentem?

Podemos dizer que as pessoas mentem, por algumas razões facilmente perceptíveis:

a) Para evitar conflitos quando a realidade em que vivem é uma ameaça ao seu bem-estar. Assim, para se proteger e evitar desconfortos, as pessoas mentem. Um exemplo disso é a atitude de uma criança que inventa uma doença para evitar o vexame de ter que ir à escola e fazer uma prova para a qual não se preparou.

b) A mentira também tem sido uma alternativa para facilitar o ajuste do ser humano ao meio onde vive, na busca de sobrevivência. Por isso é que às vezes as pessoas até trocam o ódio por um sorriso. E assim mentem para não perder: para não perder amigos; para não perder clientes, para não perder o emprego, para não perder a família.

c) Mente-se, também, para evitar a discriminação social, como refúgio para se obter segurança. Por isso, pessoas com medo do ridículo mascaram sua aparência física, por exemplo. A mentira aparece aqui como resultado de uma certa ansiedade e medo de se perder prestígio e atenção em relação às pessoas ou grupos com os quais alguém convive.

Percebe-se, até aqui, que, em busca de solução para pequenos ou grandes problemas pessoais, tem-se feito da mentira a saída ou o refúgio para uma sobrevivência aparentemente digna, ainda que arriscada. Isso tem sido feito de várias maneiras. Quais seriam, então, as maneiras mais freqüentes de mentir?

a) Inicialmente citamos a mentira sistemática, isto é, aquela que é engenhosamente programada, com resultados mais ou menos esperados. A mentira dos políticos inescrupulosos é um exemplo disso.

Maquiavel, um filósofo do século XVI, falando dos políticos do seu tempo, já dizia que “as idéias são diferentes no palácio e na praça”, isto é, o que se promete nas ruas e nas praças não se cumpre nos palácios.

Outro exemplo de mentira programada é o que se vê nas propagandas comerciais, muitas delas “enganosas”, quando usam artifícios e mensagens subliminares que criam necessidades, exploram emoções e traem a consciência e boa-fé das pessoas a fim de que comprem o que não precisam com o dinheiro que não têm.

b) Existe também a mentira pérfida, isto é, fraudulenta, praticada com a intenção de se obter vantagens pessoais; inclui as práticas de pessoas que não têm respeito por ninguém nem por si mesmas. São os que mentem para si próprios, sentindo-se vencedores quando mentem para os outros; diz respeito aos que fazem de conta que realmente são os maiores, os mais fortes, os mais capazes, os mais poderosos.

c) Há um terceiro tipo de mentira, as piedosas, de caráter ético, às quais se recorre por respeito ao ser humano e, por discrição, em casos de doenças, para não abater a pessoa que sofre. Geralmente são praticadas por médicos e familiares.

d) Finalmente, queremos nos referir às mentiras patológicas, praticadas por pessoas doentes. É o caso dos megalomaníacos, por exemplo, que não conseguem distinguir claramente entre a realidade e a imaginação. São os afeitos a fantasias mirabolantes.

Existem vidas que encarnam mentiras. Esteticamente, muitas pessoas costumam usar tipos de cabelo, ornamentos, roupas e maquiagens ou bens materiais para esconder o que são, suas reais características ou status social.

Do ponto de vista moral, muita gente adota práticas com as quais não concorda intimamente a fim de ser aceita pela maioria. O moralismo de alguém, por exemplo, pode ser uma expressão de mentira, ao assumir uma postura contra atitudes que intimamente não condena.

Na vida religiosa, são muitos os que buscam e adoram a Deus de maneira apenas formal, hipócrita, sem qualquer compromisso e responsabilidade com o Ser que adoram e com o próximo a quem devem amar. Tudo isso nos leva a concluir que a vida humana está cheia de “mentiras que parecem verdades”.

Por coisas assim, as palavras do profeta Isaías no capítulo 28, do verso 15 a 17, condenando a mentira dos dirigentes de Judá, em seu tempo, servem para nós. Como eles, muitos hoje também fazem da mentira o seu refúgio e da falsidade o seu esconderijo.

O profeta adverte dizendo que a mentira será eliminada pelo juízo de Deus e, de igual modo, serão castigados os que a praticam e fazem dela o seu abrigo e segurança. Um dia esses “abrigos” serão destruídos! Por tudo isso, cuidado com as mentiras que ainda parecem verdades!

Nota: Infelizmente muitas pessoas vivem a vida "num faz de conta" ,onde a mentira que elas contam ou vivem parecem verdades. Assim é Satánas ele conta mentiras que parecem reais. È fácil percebemos como Satánas consegue enganar muitas pessoas nestes dias com seus ardis. Temos de estar sempre vigilantes...

Nenhum comentário: